quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Síndrome do Intestino Irritável: um distúrbio funcional que pode acarretar importante desconforto aos pacientes (2)

A “Longa Caminhada” das manifestações clínicas da Síndrome do Intestino Irritável (SII) tem seu início nos primeiros meses e ao longo da vida revela suas diferentes formas de apresentação à medida que o paciente vai crescendo e se desenvolvendo. Vale enfatizar que muito freqüentemente a mãe ou o pai, ou ambos, sejam também portadores da SII. Por esta razão, ainda que possa parecer constrangedor para os pais, é necessário interrogá-los sobre a existência de possíveis sintomas sugestivos da SII que por ventura eles possam apresentar. Em caso da resposta ser afirmativa para qualquer um deles ou ambos, isto já dá uma boa pista para pelo menos se levantar a suspeita diagnóstica no nosso paciente.

Recém Nascido e Lactente até os 6 meses

Nesta faixa etária predominam essencialmente as manifestações de episódios intermitentes de choro intenso e prolongado, sem causa aparente, muito provavelmente devido a cólicas e distensão abdominal. Há também certa dificuldade para a eliminação de gases e fezes; não raramente o paciente pode apresentar tendência à constipação intestinal, as fezes podem se tornar endurecidas e ressecadas. Muito do que se convencionou denominar “cólica noturna” está diretamente relacionado com a SII. Este cortejo sintomático freqüentemente gera grande ansiedade e insegurança nos familiares o que acarreta uma grande tensão ambiental que acaba por se transmitir ao recém-nascido criando, assim, um ciclo vicioso de choro intenso e tensão ambiental difícil de ser rompido. Estes episódios costumam se repetir quase que diariamente caso não ocorra uma intervenção do Pediatra tratando de tranqüilizar os familiares e explicando de forma didática qual a razão de todo este complexo sintomático. Neste momento torna-se crucial dar aos familiares a segurança de que nada grave está ocorrendo com o recém nascido e que à medida que as tensões ambientais forem se desanuviando a tendência é de que haja uma regressão das manifestações clínicas. Vale ressaltar que esta sintomatologia pode se estender por tempo prolongado, alguns meses, surgindo através de crises episódicas muito relacionadas com a qualidade emocional do ambiente em que a criança vive. É importante assinalar que apesar da existência de todo este transtorno o recém nascido se alimenta muito bem e cresce normalmente sem qualquer agravo nutricional, o que atesta a natureza benigna da SII.
Nesta fase é importante fazer a diferenciação diagnóstica com Colite Alérgica porque a sintomatologia é bastante parecida, porém, variando em algumas nuances. Por exemplo, na SII as manifestações clínicas não costumam estar relacionadas com a alimentação, podem surgir a qualquer momento do dia ou da noite, ao passo que na Colite Alérgica as manifestações clínicas estão diretamente relacionadas com o ato da alimentação. Outro ponto importante de diferenciação diagnóstica é que na SII não há presença de sangue nas fezes, nem visível a "olho nu" nem tampouco sangramento oculto, o que é costumeiramente observado na Colite Alérgica. Um detalhe importante precisa ser observado caso se note algum sangramento no paciente que se suspeita ser portador da SII. Em virtude do constante esforço para evacuar pode haver a formação de uma fissura anal, e nestas circunstâncias o sangramento se dá em "fio de linha" com a presença de sangue vivo rutilante recobrindo as fezes diferentemente do que ocorre na Colite Alérgica, pois neste caso o sangramento ocorre misturado às fezes. Por outro lado, alguns pontos em comum também podem existir, em especial, episódios de regurgitação soem ocorrer em ambas às circunstâncias, muito embora, sejam motivadas por diferentes estímulos. Na SII é muito provável que a regurgitação ocorra pela contração da musculatura abdominal decorrente da dor das cólicas associada ao "stress" que a criança está sofrendo. No caso da Colite Alérgica a regurgitação se dá principalmente pelo relaxamento do esfíncter esofágico inferior em virtude da hipotonia do trato digestivo decorrente da própria alergia alimentar.
No nosso próximo encontro continuarei a descrever a "Longa Caminhada" das manifestações clínicas da SII nas diferentes fases da vida da criança e do adolescente.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Domingos Adriano Pompeu Caturichi disse...

Boa noite Caríssimo Prof.Dr.Ulysses Fagundes Neto ,eu tenho gastrite sinto dores abdominais com frequência,as vezes doi me o abdômen e da diarreia o que fazer para parar a mesma?