quinta-feira, 27 de maio de 2021

A Vertiginosa Expansão da UNIFESP: 2003-08 (Parte 6)

 

Reitor: Ulysses Fagundes Neto


A consolidação de um grande desafio que foi conquistada com muita perseverança


O processo de expansão na graduação na UNIFESP começou, efetivamente, em 2004. A partir dos dados quantitativos dos documentos analisados, observou-se um aumento percentual de 500% no número de campi, 834% no número de vagas de ingresso e 980% no número de cursos. Além desse aumento quantitativo, a UNIFESP também diversificou sua área de atuação com a inclusão dos cursos de ciências humanas, sociais aplicadas e exatas. Considerou-se que o processo de expansão na Universidade, no período entre 2003 e 2012, pode ser considerado como único entre as IFES no Brasil, em relação ao que ocorreu no ensino superior público federal no país. Sua singularidade se dá tanto pelo potencial transformador dessa expansão como pelo crescimento do número de campi, cursos e matrículas da graduação, por meio de implementação de propostas pedagógicas inovadoras, bem como da diversificação de suas áreas de atuação, em relação aos parâmetros nacionais. Observou-se o caráter transformador que a expansão trouxe para a UNIFESP que, de uma universidade da área da saúde, passou para uma universidade plena.

Em 2003, a UNIFESP ainda se mantinha como uma universidade temática na área da saúde com importante papel no cenário acadêmico nacional e internacional. Possuía um único campus, situado na Vila Clementino, com cinco cursos de graduação: Medicina (1933), Enfermagem (1939), Ciências Biomédicas (1966), Fonoaudiologia (1968) e Tecnologia Oftálmica (1970), todos ligados à Escola Paulista de Medicina, com um total de 1.296 estudantes. (UNIFESP, Relatório de Gestão de 2003, novembro de 2003).

À época, apresentava um expressivo quadro de estudantes de pós-graduação stricto sensu com um total de 480 matriculados no Mestrado Profissional; de 1.366 no Mestrado Acadêmico; e de 1.206 no Doutorado. Existiam 11 programas de pós-graduação em nível de Mestrado Profissional; 30, em nível de Mestrado Acadêmico; e 37, em nível de Doutorado. (UNIFESP, Relatório de Gestão de 2003, novembro de 2003).

Na pós-graduação lato sensu, existiam 146 cursos (139 cursos de Especialização e 7 cursos de Aperfeiçoamento) com um total de 1.834 alunos matriculados (1.775 de Especialização e 59 em Aperfeiçoamento). Na Residência Médica, o número de alunos, matriculados nos 41 programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica, era de 454. (UNIFESP, Relatório de Gestão de 2003, novembro de 2003).

No final do ano de 2007 a UNIFESP estava assim configurada, conforme demonstra o Quadro 1:

 



Em síntese: no período de 2003 a 2007, a UNIFESP aumentou de 1 para 5 campi e contava com 273 vagas distribuídas em 5 cursos de graduação em 2004. Em 2005, o número de vagas aumentou em 10%, devido ao Programa de Ações Afirmativas, passando para 300. Em 2006, com a expansão para o campus Baixada Santista, a UNIFESP passou a ter 10 cursos e a ofertar 490 vagas, o que representou um aumento de 63%. Em 2007, com a expansão para os campi de Diadema, Guarulhos e São José dos Campos, a UNIFESP passou a ofertar 1.150 vagas, distribuídas em 23 cursos, o que significou um aumento de 135%. (UNIFESP, Balanço do Primeiro ano do REUNI da UNIFESP, de 31 de outubro de 2009). Este crescimento está demonstrado no Gráfico 9:

 


No período analisado, ocorreu um crescimento no número dos cursos de graduação na instituição: de 5 cursos em 2003, para 23, em 2007, num total de 18 cursos a mais. O Gráfico 10 mostra que, nos anos de 2003, 2004, o número de cursos se manteve, porém, de 2005 para 2006, o crescimento foi de 5 novos cursos e de 2006 para 2007 foi de 13.

 



O Gráfico 11 demonstra o crescimento de 1.016 novas matrículas nos cursos de graduação, na primeira fase da expansão: de 1.296 matrículas em 2003, para 2.312, em 2007. Os dados mostraram um crescimento mais significativo de matrículas com o início de novos campi e cursos na UNIFESP: de 2005 para 2006 foram 217 matrículas e de 2006 para 2007, foram 776.

 



 

A partir desse quadro situacional, o processo de expansão da UNIFESP foi significativo em relação à graduação, à pós-graduação (lato e stricto sensu), à pesquisa e à extensão.

 

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com a devida consideração e respeito, apropriando-me do texto de Maria Bernadete, encerro este trabalho, que como exposto no preâmbulo, já deveria ter sido escrito há alguns anos. Aproveito este espaço para prestar meu preito de gratidão à Maria Bernadete, porque a partir da leitura do seu brilhante trabalho de Tese de Mestrado Profissional, despertou em mim a chama que se fazia necessária, para que eu me sentisse devidamente estimulado a reviver um passado heroico da minha vida como dirigente universitário e do qual muito me orgulho.   

“O processo de expansão da UNIFESP, ocorrido no período compreendido entre 2003 e 2008, pode ser considerado como único entre as IFES brasileiras, se for levado em conta o que ocorreu no ensino superior público federal no país. Em relação aos parâmetros nacionais, a sua singularidade se dá tanto pelo potencial transformador dessa expansão quanto pelo crescimento do número de campi, dos cursos e das matrículas de graduação.

A UNIFESP se tornou a primeira universidade brasileira especializada em saúde. Na ocasião de sua criação em 1994, abrigava cinco cursos de graduação em um único campus. Era uma universidade pública que tinha, por objetivo, desenvolver, em nível de excelência, atividades inter-relacionadas de ensino, de pesquisa e extensão, com ênfase no campo específico das ciências da saúde.

Em 2003, a UNIFESP, ainda como uma universidade temática da saúde, decidiu pelo aumento do número de vagas de graduação e se engajou no Programa de Expansão das Universidades Federais. Efetivamente, a etapa inicial desse processo de expansão começou em 2004, ano em que foi proposta, no CONSU, a criação do campus Baixada Santista e da Unidade de Santo Amaro. A expansão estava voltada, até então, para aquelas áreas do conhecimento que dialogassem com os cursos e atividades em funcionamento no campo das ciências da saúde, por entender ser essa a expertise da instituição.

Com os novos campi, a contar do ano de 2007, a UNIFESP caminhou em direção às humanidades e a outras áreas, as quais, até aquele momento, não estavam presentes na instituição. Todavia, era necessário que essas novas áreas tivessem relação com as ciências da saúde. Começou, igualmente, a oferta de cursos noturnos, em cumprimento a uma das metas estabelecidas pelo governo federal.

A partir desse mesmo ano, o processo de expansão da UNIFESP foi dinâmico e significativo. As discussões no CONSU, órgão máximo da instituição na tomada de decisão, acerca da criação e implantação de novos campi (Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e Osasco), bem como de novas áreas do conhecimento e cursos, foram marcadas por reuniões bastante dinâmicas, tornando-se assunto recorrente em todas as instâncias superiores da universidade.

Vale salientar que esse movimento de criação de novos campi e cursos ocorreu de maneira peculiar e acompanhou o processo de expansão das IFES, proposto pelo governo federal. Nesse sentido, observa-se que a criação e a implantação do campus Baixada Santista foram discutidas de modo mais intenso, no decorrer dos anos de 2004 e 2005. Esse foi o primeiro campus fora da sede principal, o que levou à necessidade de mudança de estatuto.

Enquanto o campus Baixada Santista caminhava para se concretizar, academicamente, surgiram novas possibilidades para a criação de novos campi nas cidades de Diadema, Guarulhos e São José dos Campos. Dessa vez, a discussão se deu de modo mais rápido nos conselhos superiores, devido à rapidez do processo geral de expansão das IFES e da necessidade de tomadas de decisão, no momento histórico pelo qual passava o país.

Para que se entenda a dimensão da expansão da UNIFESP na primeira fase, compreendida entre 2003 e 2007, faz-se necessária a comparação do seu crescimento em relação ao crescimento das demais universidades federais. A UNIFESP teve um crescimento de 400% no número de campi, enquanto, no Brasil, o crescimento total de campi nas universidades federais foi de 53%. O número de vagas de graduação aumentou em 321% na UNIFESP e 53% em nível nacional, nas IFES. O aumento do número de cursos da UNIFESP foi de 360% e, do total das universidades federais, foi de 28%.

Numa perspectiva regional, o crescimento do número de campus da UNIFESP na primeira fase da expansão correspondeu a 20% do total de campus criados em toda a região sudeste (aumento de 1 para 5 campi).

Observa-se que a UNIFESP se empenhou em consolidar seus campi e cursos por meio de implementação de propostas pedagógicas inovadoras, bem como da diversificação de suas áreas de atuação. Assim, aumentou sua área de conhecimento, das ciências da saúde para as ciências humanas, sociais aplicadas e exatas.

No cenário da expansão no Brasil, é importante salientar a relevância da UNIFESP como uma das universidades que mais cresceu, pois, além de ampliar o número de campi, de vagas e de cursos, a instituição também diversificou sua área de atuação na graduação.

Apesar do ritmo intenso da expansão, considera-se que esta proporcionou à UNIFESP a oportunidade da interiorização e da ampliação do seu compromisso social, como uma universidade pública e, socialmente, referenciada. Além de expandir, consideravelmente, o número de vagas e a possibilidade de escolha de diferentes áreas profissionais, a universidade implantou o ensino noturno, tão necessário para a sociedade.

Observa-se, claramente, o caráter transformador que a expansão trouxe para a UNIFESP que, saiu de uma universidade da área da saúde para uma universidade plena”.

Em conclusão, posso afirmar sem receio de cometer qualquer equívoco, que a implantação e a consolidação do projeto de expansão foram a maior marca da minha gestão. Devo ressaltar que este foi um trabalho de equipe, um grupo coeso da mais alta qualificação profissional, determinado em promover uma mudança de paradigma da UNIFESP. Também devo assinalar que tudo o que foi feito em termos da expansão, uma verdadeira revolução na nossa estrutura universitária, teria sido impossível de ser concretizada, se não tivéssemos contado com o firme apoio dos membros do Conselho Universitário, mesmo havendo, em determinados momentos, algumas poucas vozes dissonantes (Figuras 80-81-82-83).

  



Figuras 80-81: Cerimônia de posse de 11 dos 31 novos Professores Titulares no maior concurso realizado na história da Escola Paulista de Medicina durante o quatriênio 2003-7.

 


Figura 82: A honra e o orgulho de ter tido a ventura de haver sido Reitor da Universidade Federal de São Paulo.


Figura 83: O reconhecimento e o agradecimento que tanto me encheram de alegria e emoção.

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