Reitor:
Ulysses Fagundes Neto
Discurso
de Posse – agosto de 2003
Figuras 48-49: Cerimônia oficial
da posse de reitor em 2003 em Brasília transmitida pelo Ministro da Educação Cristóvão
Buarque.
Figura 50: Registro da transmissão
de posse do reitor Hélio Egydio Nogueira juntamente com o ministro da Educação
Cristóvão Buarque.
Figura 51: Helena Bonciani
Nader minha grande amiga e colaboradora estava presente prestigiando minha
posse.
Figura 52: Lucila Carneiro
Vianna amiga de longas e incansáveis jornadas que viria a ser minha Chefe de
gabinete prestigiando minha posse.
Figura 53: Meu filho Dr. Ulysses
Fagundes meu grande apoio e incondicional companheiro da vida.
Minhas
primeiras palavras são destinadas a expressar toda a alegria, a felicidade e a
honra por ter sido conduzido ao posto de Reitor da Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP). Este é sem qualquer sombra de dúvidas o momento de maior emoção
por mim vivenciado, ao longo destes 38 anos apaixonadamente dedicados
inicialmente à Escola Paulista de Medicina (EPM) e desde 1994 à UNIFESP, por
ter sido alçado ao mais elevado posto da minha carreira profissional. Por outro
lado, tenho também a mais plena consciência de que aliada ao júbilo deste
momento associa-se uma grande carga de responsabilidades e expectativas que naturalmente
esta posição encerra.
Desejo,
acima de tudo, deixar aqui consignados meus mais sinceros e efusivos agradecimentos
a toda a comunidade que me contemplou com 85% dos votos e aos membros do CONSU
que ao me dedicarem 93% dos votos, ratificaram esta confiança em mim depositada
para dirigir os destinos da nossa instituição nestes próximos 4 anos. Como é
perfeitamente compreensível que para se chegar ao fim desta longa jornada, com
o êxito alcançado, foi necessária a colaboração de um sem-número de pessoas,
seria justo e esperado que eu fizesse os agradecimentos de praxe. Entretanto,
para não cometer erros imperdoáveis de omissão de nomes, decidi eleger
conjuntos de pessoas e/ou categorias profissionais, e uma respectiva figura
humana representando-as, para render minhas homenagens a todas e a todos,
indistintamente.
Inicialmente
minhas reverências são dedicadas à mulher, ou melhor, a todas as mulheres que
tiveram e que tem influência direta na minha vida pessoal e profissional. E, neste
sentido, permito-me escolher minha mãe, síntese de tudo de bom e maravilhoso que
se pode esperar de um ser humano. Nascida Walkyria da Cunha Lobo, ao se casar
com meu pai tornou-se Walkyria Lobo Fagundes, esta mulher que me gestou, me trouxe
ao mundo e me orientou pela vida afora com seus exemplos vivos de dignidade,
decência e dedicação plena em tudo aquilo que faz, simboliza, neste momento, minha
homenagem às mulheres. Grande amiga, cúmplice e companheira de todas as horas,
ensinou-me a ter garra e determinação para nunca desistir de tentar alcançar um
determinado objetivo, perseverança e ousadia para ir sempre mais além do que o
aparentemente possível, que exigir é fundamental, mas que perdoar é nobre, a
entender que nas derrotas aprendemos a construir as vitórias futuras, e o mais
importante de tudo, que amar é essencial e que o afeto é indispensável para o
ser humano. Walkyria sempre foi uma mulher muito além do seu tempo, profissional
exemplar, trabalhou com dedicação integral servindo ao estado durante 30 anos,
e esportista nata, foi uma tenista de excepcional talento, campeoníssima em sua
juventude, derrubou tabus, numa época em que à mulher não era bem vista nem a
atividade profissional, como tampouco a prática esportiva, venceu com galhardia
a todos os preconceitos que se lhe antepuseram, e mesmo nos dias atuais, já octogenária
mas ainda muito jovial, continua no mais pleno exercício de suas faculdades
mentais e físicas, inclusive aceitando novos desafios em sua faixa etária. Seu
ombro acolhedor fez-se sempre sentir em todos os momentos da minha existência,
fossem eles de dor, sofrimento e dificuldades, assim como também comigo compartilhou
as inúmeras e mais variadas alegrias incontidas. Obrigado minha mãe por ter me
posto no mundo e por ter me apontado os melhores caminhos para que eu pudesse trilhá-los
com sucesso (Figura 54).
Figura
54: Minha amada mãe Walkyria Lobo Fagundes exemplo de virtude, uma verdadeira
heroína que sempre esteve ao meu lado, recebeu o devido reconhecimento em meu
discurso de posse.
Aos
meus colegas docentes meu agradecimento tem como símbolo meu mestre maior,
aquele que acreditou em mim quando ainda médico residente desta instituição.
Ajudou-me com total convicção, para que eu me tornasse, na ocasião, o primeiro residente
a realizar a especialização em outro país.
Assim pude em 1973, durante todo o terceiro ano da residência, fazer meu
treinamento em
Gastroenterologia Pediátrica, em Buenos Aires com o
pioneiro desta especialidade na América latina, Horácio Toccalino. Minhas homenagens
se dirigem ao Professor Azarias Andrade de Carvalho, que me adotou como se seu
filho fosse desde meu retorno e ao longo de toda minha carreira teve sempre
palavras de estímulo e apoio irrestritos. Mantenho ainda hoje nitidamente muito
vivo na lembrança o dia que recebi sua visita no hospital que trabalhava na Argentina;
a alegria e a emoção de vê-lo chegando me encheram de um orgulho enorme, pois
receber a visita do mestre em terras estrangeiras representavam uma honra e uma
distinção da mais alta valia. O mesmo também ocorreu quando da minha ida para
os Estados Unidos, agora já como docente, Azarias também se fez presente para
dar o apoio e o conforto moral para mais uma aventura no exterior. E esta foi a
tônica do nosso relacionamento, e vale dizer que isto não foi um privilégio
apenas meu. Azarias representa para toda a classe pediátrica a união, o anseio
por querer nada menos que o melhor para nossas crianças, a figura do humanista
sem concessões de qualquer natureza, o sábio conselheiro, enfim o mestre que todos
gostaríamos de ter e ser. Obrigado meu mestre por ter-nos dado sempre o exemplo
da retidão de conduta e a sensibilidade de amar a criança de forma absoluta e
integral, sem distinção de raça, credo ou origem socioeconômica.
Aos
meus companheiros servidores e funcionários técnico-administrativos vai aqui
minha gratidão pela extraordinária dedicação à nossa instituição e à sociedade,
e que mesmo sem receberem o devido e justo reconhecimento salarial por parte
dos nossos governantes, aliás constatação que também é válida para nós docentes,
continuam sem esmorecer a oferecer o melhor de si em prol da nação, na expectativa
de um amanhã mais promissor. Como reconhecimento e respeito pelo trabalho por
vocês realizado gostaria de saudá-los na pessoa do sr. Jonas Santana da Silva,
técnico em gesso do HSP e técnico de laboratório da UNIFESP, a quem
posteriormente terei o prazer de outorgar a medalha da nossa universidade, como
gratidão pelos inestimáveis serviços prestados ao próximo, sempre com dedicação
extrema. Jonas foi a pessoa que me cuidou, com todo carinho, das incontáveis lesões
por mim sofridas, durante os anos de acadêmico, como esportista defendendo a
nossa gloriosa Atlética, muitas vezes fazendo verdadeiros milagres para que eu
pudesse estar em condições de participar de mais uma árdua batalha. Certa vez,
quando já cursava o quinto ano de Medicina, num fim de semana jogando futebol por
um outro clube contra a seleção Brasileira que ia disputar as Macabíadas,
sofri, num choque com o goleiro adversário, uma dupla luxação esterno-clavicular,
o que me causava dor intensa mal podia respirar, e que praticamente me impossibilitava
movimentar o tronco e os braços. Mas vivíamos a semana decisiva da Pauli-Med e tínhamos
um jogo de futebol cujo resultado seria vital para nossa vitória na competição.
Eu era o capitão do time, exercia uma liderança importante no grupo, precisava
entrar em campo de qualquer forma, e além do mais havia um outro fator de complicação
pois o jogo seria realizado no campo do inimigo, lá na Atlética deles. Corri
desesperado ao Jonas praticamente exigindo que ele resolvesse meu problema.
Jonas com seu olhar paciente, quase de deboche, me disse: “vou lhe fazer um colete
de gesso do pescoço à cintura e se você conseguir se equilibrar vai poder jogar”.
Dito e feito, o colete foi providenciado e em mim colocado, fiquei
completamente enrijecido, mas pelo menos me vi livre da dor que tanto me
incomodava. Apresentei-me para jogar e ninguém podia acreditar que eu teria condições
para tal, mas como era veterano e capitão do time o poder da influência falou
mais alto e desta forma entrei em campo. Digo entrei em campo, pois isto foi literalmente
o que ocorreu, não conseguia me movimentar e tampouco me equilibrar com aquela verdadeira
armadura medieval, mas assim permaneci por todo o tempo, até que no fim do jogo
que se mantinha num irritante zero a zero, houve uma falta a nosso favor próximo
da área do adversário. Com a prepotência de todo bom veterano decidi que
bateria a falta, não havia naquele momento a mais mínima possibilidade de me
impedirem que isto ocorresse, porque naquela época havia hierarquia e esta era
rigidamente respeitada. Bem, assim sucedeu, bati a falta e fiz o gol, ganhamos o
jogo e mais uma Pauli-Med, a quarta consecutiva, e tudo por obra e graça da
armadura que o Jonas inventou de me colocar. Obrigado amigo Jonas, você é
sempre um personagem inseparável das memórias da nossa geração de acadêmicos.
Ao
corpo discente também gostaria de deixar aqui consignados meus mais sinceros agradecimentos
pela intensa participação em todo o processo eleitoral, trazendo o entusiasmo e
a visão crítica essenciais para o engrandecimento das instituições democráticas,
além de deixar transparente o desejo e a ânsia de que querem ver um mundo melhor
para si e para toda a sociedade dentro em breve. Vocês têm pressa,
a fome dos aflitos, isso é altamente salutar e desejável, posto que representam
o amanhã e o dia já está raiando. Vocês são também nosso bem maior, por esta
razão em seus ombros está depositada toda a expectativa de um porvir melhor, o
futuro será mais alvissareiro que o presente, vocês incorporam a figura dos
agentes de transformação da sociedade. E como estou me referindo ao futuro,
peço permissão aos nossos alunos para homenageá-los na pessoa do meu neto,
Pedro Brecheret Fagundes, filho de Ana Paula Brecheret, médica nefrologista
pediátrica, graduada nesta instituição e Ulysses Fagundes, médico servidor da
UNIFESP e mestre em Pediatria.
Eu pedi para que ele viesse vestido com o uniforme da seleção
brasileira de futebol, porque este é o símbolo que melhor representa nosso país
em qualquer lugar do mundo, é por esta aptidão extraordinária do nosso povo que
somos universalmente idolatrados e reverenciados como artistas da bola. Mas como
estou falando do amanhã, espero ardentemente que as próximas gerações, a dos nossos
estudantes atuais, assim como a do Pedro, tornem nossa terra reconhecida
internacionalmente mais do que apenas como a pátria das chuteiras e do carnaval.
Desejo que vocês, com o arroubo da juventude, utilizem esta nossa fantástica capacidade
de tolerância e miscigenação racial transformando-a numa energia positiva que possibilite
gerar um país com igualdade de oportunidades, justa distribuição de renda, sem iniquidades
sociais, desprovido de violência, com preservação da nossa maravilhosa natureza
e a devida proteção aos habitantes das florestas, aonde se exerça a verdadeira
cidadania, enfim uma nação que sirva de exemplo não somente na habilidade da
prática do futebol mas acima de tudo na arte do convívio solidário e do bem estar
social.
Por
último, mas não menos importante, meus agradecimentos são dirigidos aos meus amigos,
os companheiros de todas as horas, aqueles que apresentam a mão estendida, com
total despojamento d’alma, nos momentos mais críticos e difíceis das nossas vidas,
que nos fazem ver uma luz de alento e nos mostram um caminho alternativo quando
tudo parecem trevas. Estes sentimentos desejo expressar na pessoa do meu grande
e fraterno amigo Hélio Egydio Nogueira. Diz o poeta: “amigo é coisa para se
guardar debaixo de sete chaves dentro do coração, assim falava a canção, amigo
é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a
distância digam não, mesmo esquecendo a canção, o que importa é ouvir a voz que
vem do coração, pois seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia amigo eu
volto a te encontrar...”. Agora digo eu pela voz do meu coração e seguramente
pela voz de todos os corações da família UNIFESP, receba nosso preito de eterna
gratidão por aquilo que você fez e com certeza continuará a fazer de bem, para
todos os que te rodeiam. Obrigado amigo Hélio, pela confiança em mim depositada,
pelo apoio incondicional ao longo destes quatro anos de íntima e fraterna convivência,
pelo carinho demonstrado com toda minha família, principalmente por me estender
a mão e me dar o consolo confortador quando tudo parecia irremediável. Enfim, obrigado
também por ter, entre tantos outros valorosos colegas que poderiam ter sido escolhidos,
apostado na minha pessoa para sucedê-lo.
A
universidade, desde sua longínqua fundação, como instituição medieval que
precede a existência do estado-nação, é europeia por excelência e consubstancia
seus valores. Em mais de novecentos anos de vida, desde a fundação da Universidade
de Bolonha em 1088, a
mais antiga do mundo, a obra universitária constitui o patrimônio mais valioso
da humanidade, envolvendo ensino e investigação. Galileu Galilei foi professor
em Bolonha e Copérnico desenvolveu suas teorias na Universidade de Salamanca, fundada
em 1218. A
emergência da economia enquanto disciplina dá-se pela contribuição de filósofos
como Adam Smith. Karl Marx era um tecnólogo e estava interessado nas formas
pelas quais a humanidade produz e acumula valor: por isto a transição feudalismo-capitalismo
era seu tema. Pasteur era químico, e tentava compreender, a princípio, os
problemas com a produção de vinho na França. A busca pela compreensão do
processo de fermentação o levou a desmontar a teoria da geração espontânea e a entender
os princípios da antissepsia. Bem, meus caros amigos, como se percebe por esta
brevíssima resenha seriam necessárias muitas e muitas páginas para apenas
listar grandes nomes da produção científica e cultural da humanidade, ligados à
universidade. Esta tradicionalíssima instituição continua a crescer e a prosperar,
muito embora, no decorrer destes nove séculos tivesse vivenciado inúmeras mudanças
estruturais para torná-la adaptada às necessidades vigentes das sociedades nos
mais diferentes momentos. As universidades dos nossos dias celebram e
compartilham suas conquistas com a sociedade como um todo, consideram-se a si
mesmas como produtoras do conhecimento utilizável. Duas grandes forças, uma
intelectual e outra de natureza política, encontram-se por trás desta transformação
dos propósitos e da autoimagem da universidade. A intelectual é decorrente do
triunfo das ciências naturais. A ciência explodiu de forma tão esplendorosa no
século 20 como em nenhum outro momento da história, suas conquistas têm se mostrado
ilimitadas em todas as áreas do saber e facilmente vieram a destronar as ideias
de que a universidade deveria apenas cultivar o intelecto. A segunda grande força
de transformação da universidade, a política, está diretamente ligada a democracia
e a demanda de educação de massa, que na verdade é um dos seus corolários.
Portanto, na maior parte do século 20, ciência e democracia foram as principais
forças que moldaram a universidade. Mas as grandes transformações não param por
aí, novas ideias continuam surgindo a respeito do papel que a universidade deve
assumir. Atualmente, já no século 21, acadêmicos e políticos estão tratando de
enxergar a universidade não apenas como a criadora de conhecimentos, uma fonte
de treinamento de jovens mentes e uma transmissora de cultura. Estão indo além
na sua conceituação, visualizam a universidade também como um agente da maior
magnitude para o crescimento econômico, a chamada fábrica do conhecimento. A
universidade, portanto, constitui-se em uma estrutura ímpar de organização, devido
à multiplicidade das suas missões e a ausência de uma única forma de autoridade
absoluta. A preservação da diversidade e da autonomia são dois fatores básicos
que se projetam para a construção da Universidade do Futuro. O fortalecimento desses
aspectos é a garantia de nossa sobrevivência e crescimento. Para que isso
ocorra é necessário que o docente seja valorizado, e aqui vale lembrar que a
formação de docentes universitários, com a qualidade por nós exigida, é uma longa
jornada que demanda esforços de toda uma vida. Concomitantemente nossos parceiros
essenciais, os servidores de todos os níveis, devem poder pensar na sua trajetória
institucional também em longo prazo a partir de um plano de carreira
devidamente definido, bem como a preocupação com sua qualidade de vida deve ser
prioritariamente valorizada, além de outras ações específicas que resultem em
melhoria da autoestima e revertam em ganhos profissionais reais. Uma vez preenchidos estes requisitos
principais, será possível garantir que os estudantes recebam o melhor da instituição.
No mundo moderno o foco deve estar no aluno, e não mais no curso e isso deve
significar maior flexibilização e diversificação da formação acadêmica. Uma
formação de largo espectro disciplinar é o objetivo a ser alcançado e os
programas de iniciação científica devem ser vistos como os núcleos geradores
dos futuros recursos humanos da universidade.
A
educação é a base e o estofo de uma sociedade que busca a igualdade de oportunidades
para seus cidadãos. A educação é a garantia para que o conceito de cidadania
exista na prática, e não apenas na lei. A educação é uma das obrigações do
Estado. Em todo o mundo desenvolvido, o governo é o grande financiador do ensino
e da pesquisa, assumindo os deveres de formar mão de obra especializada, e
garantir a qualidade dos seus recursos humanos no campo da competitividade econômica.
Educação não pode ser vista como custo, mas sim como investimento da mais alta
valia. Mas a educação superior é privilégio de uma minoria, mesmo nos países
desenvolvidos. Justamente por isso, em países em desenvolvimento, as
instituições de ensino, pesquisa e extensão exercem um papel fundamental para a
transformação da realidade do país e para seu desenvolvimento. A capacitação de
recursos humanos visa formar lideranças profissionais e intelectuais, essenciais
para a definição dos destinos de uma nação. Na universidade apreendem-se
conteúdos, aprende-se a respeitar o ambiente político-institucional, as
hierarquias e o valor das responsabilidades acadêmicas. Deixo aqui, portanto, por todos os motivos
anteriormente assinalados, meu mais arraigado compromisso em defesa da universidade
pública, gratuita e de excelência, voltada para atender as necessidades da
sociedade que a financia.
A
UNIFESP tem feito história na produção do conhecimento e nas relações com a comunidade
na qual está inserida. Desenvolve e difunde ciência, forma recursos humanos
para as áreas da saúde em nível de excelência e atua como instituição de incomparável
importância tanto na promoção quanto na proteção da saúde. Mas para chegar a este
estágio atual de elevado prestígio nacional e internacional, muito esforço foi
dispendido por inúmeras gerações que nos antecederam, verdadeiros heróis, seres
humanos iluminados e visionários que acreditaram fosse possível tornar realidade
um sonho tão risonho. A UNIFESP foi
criada em 15 de dezembro de 1994, como resultado da transformação da EPM que
foi fundada em 1933. A
EPM quando da sua criação não possuía de seu um único metro quadrado de terreno,
mas foi grande o ideal, persistente e determinado, dos fundadores. Passados 70
anos, o campus do complexo UNIFESP/SPDM, ocupa uma área de aproximadamente 150.000 metros quadrados
distribuídos em 38 quadras, possuindo em torno de 250 imóveis próprios e/ou
alugados. Nossa universidade ministra 5 cursos de graduação para 1296 alunos,
oferece 37 programas de residência médica envolvendo 455 médicos e 39 enfermeiras
na residência de enfermagem. Na área da pós-graduação, sentido amplo, a UNIFESP
oferece 142 cursos de especialização tendo 1686 alunos matriculados, enquanto
na pós-graduação, sentido estrito, mestrado e doutorado, desenvolve 39
programas para um total de 1974 alunos originários dos mais diversos locais do
país e inclusive do exterior. Neste segmento contamos com 493 professores orientadores,
os quais compõem 127 grupos de pesquisa cadastrados junto ao CNPq, desenvolvendo
387 linhas de pesquisa. No campo da extensão, o complexo UNIFESP/SPDM
encontra-se profundamente inserido no sistema público de saúde, e é nosso desejo
não somente manter esta inserção, mas também liderar definitivamente esta ação em
benefício da sociedade. Entendemos que desta forma proporcionaremos, entre outros
aspectos benéficos, postos de trabalho para um contingente considerável de
profissionais da saúde que gravitam em torno da nossa instituição e ao mesmo
tempo propiciaremos que a excelência da qualidade destes profissionais seja
oferecida àqueles que buscam assistência no Sistema Único de Saúde. Além do Hospital
São Paulo nossa instituição administra 5 outros hospitais localizados em diferentes
pontos do município de São Paulo, e mesmo em outros municípios do Estado, Centros
de Saúde e de Reabilitação Física, assim como mantém convênios com várias outras
instituições de saúde no Brasil e no exterior. Como se vê tivemos um crescimento
verdadeiramente exponencial ao longo dos tempos, mais intensamente nesta última
década, quando nos tornamos uma universidade da saúde. É, portanto, chegado o
momento de repensar nossos destinos e consolidar os ganhos conquistados. Parafraseando
Augusto Comte, teórico do Positivismo, inspirador da frase “Ordem e Progresso”
da bandeira brasileira, eu entendo que estes dizeres deveriam ser invertidos.
Progresso que é desordem criativa vem primeiro, assim como tem sido na UNIFESP
e agora devemos passar a cuidar da Ordem. Aliás, neste sentido acaba de ser
finalizado, pelo nosso Departamento de Engenharia, após longos meses de estudos
e discussões, um ambicioso projeto urbanístico de reestruturação imobiliária do
nosso campus, o qual busca dar maior racionalização na ocupação dos espaços,
com prioridade às edificações verticais, e que será submetido à apreciação do
nosso Conselho Universitário, para que uma vez aprovado tenha seu início imediatamente
implementado. Ainda no campo da Ordem sem que nos esqueçamos do Progresso, é de
fundamental importância reafirmar pelo menos três grandes valores que se revelam
como as verdadeiras vocações dos programas desenvolvidos na UNIFESP: produzir
conhecimento, ensinar e fortalecer a instituição pública gratuita e de excelência
na qualidade. A partir deles é que vamos pôr ordem no progresso e devemos saber
que muito mais progresso virá, estabelecendo um círculo virtuoso para o nosso
futuro. Com a participação ativa de toda nossa comunidade, valorizando acima de
tudo o ser humano, colocando em plena atividade nossa extraordinária força de
trabalho, em uma ação conjunta e solidária, construiremos a Universidade do Futuro
e consolidando definitivamente o lema “a UNIFESP para todos” (Figuras 55-56-57-58-59-60-61).
Figuras
55-56-57-58-59-60-61: Fotos da cerimônia solene de posse no anfiteatro Marcos
Lindenberg.
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