terça-feira, 18 de maio de 2021

A Vertiginosa Expansão da UNIFESP: 2003-08 (Parte 3)

 Reitor: Ulysses Fagundes Neto


Discurso de Posse – agosto de 2003


 

Figuras 48-49: Cerimônia oficial da posse de reitor em 2003 em Brasília transmitida pelo Ministro da Educação Cristóvão Buarque.



Figura 50: Registro da transmissão de posse do reitor Hélio Egydio Nogueira juntamente com o ministro da Educação Cristóvão Buarque.

 

Figura 51: Helena Bonciani Nader minha grande amiga e colaboradora estava presente prestigiando minha posse.




Figura 52: Lucila Carneiro Vianna amiga de longas e incansáveis jornadas que viria a ser minha Chefe de gabinete prestigiando minha posse.

 

Figura 53: Meu filho Dr. Ulysses Fagundes meu grande apoio e incondicional companheiro da vida.

Minhas primeiras palavras são destinadas a expressar toda a alegria, a felicidade e a honra por ter sido conduzido ao posto de Reitor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Este é sem qualquer sombra de dúvidas o momento de maior emoção por mim vivenciado, ao longo destes 38 anos apaixonadamente dedicados inicialmente à Escola Paulista de Medicina (EPM) e desde 1994 à UNIFESP, por ter sido alçado ao mais elevado posto da minha carreira profissional. Por outro lado, tenho também a mais plena consciência de que aliada ao júbilo deste momento associa-se uma grande carga de responsabilidades e expectativas que naturalmente esta posição encerra.

Desejo, acima de tudo, deixar aqui consignados meus mais sinceros e efusivos agradecimentos a toda a comunidade que me contemplou com 85% dos votos e aos membros do CONSU que ao me dedicarem 93% dos votos, ratificaram esta confiança em mim depositada para dirigir os destinos da nossa instituição nestes próximos 4 anos. Como é perfeitamente compreensível que para se chegar ao fim desta longa jornada, com o êxito alcançado, foi necessária a colaboração de um sem-número de pessoas, seria justo e esperado que eu fizesse os agradecimentos de praxe. Entretanto, para não cometer erros imperdoáveis de omissão de nomes, decidi eleger conjuntos de pessoas e/ou categorias profissionais, e uma respectiva figura humana representando-as, para render minhas homenagens a todas e a todos, indistintamente. 

Inicialmente minhas reverências são dedicadas à mulher, ou melhor, a todas as mulheres que tiveram e que tem influência direta na minha vida pessoal e profissional. E, neste sentido, permito-me escolher minha mãe, síntese de tudo de bom e maravilhoso que se pode esperar de um ser humano. Nascida Walkyria da Cunha Lobo, ao se casar com meu pai tornou-se Walkyria Lobo Fagundes, esta mulher que me gestou, me trouxe ao mundo e me orientou pela vida afora com seus exemplos vivos de dignidade, decência e dedicação plena em tudo aquilo que faz, simboliza, neste momento, minha homenagem às mulheres. Grande amiga, cúmplice e companheira de todas as horas, ensinou-me a ter garra e determinação para nunca desistir de tentar alcançar um determinado objetivo, perseverança e ousadia para ir sempre mais além do que o aparentemente possível, que exigir é fundamental, mas que perdoar é nobre, a entender que nas derrotas aprendemos a construir as vitórias futuras, e o mais importante de tudo, que amar é essencial e que o afeto é indispensável para o ser humano. Walkyria sempre foi uma mulher muito além do seu tempo, profissional exemplar, trabalhou com dedicação integral servindo ao estado durante 30 anos, e esportista nata, foi uma tenista de excepcional talento, campeoníssima em sua juventude, derrubou tabus, numa época em que à mulher não era bem vista nem a atividade profissional, como tampouco a prática esportiva, venceu com galhardia a todos os preconceitos que se lhe antepuseram, e mesmo nos dias atuais, já octogenária mas ainda muito jovial, continua no mais pleno exercício de suas faculdades mentais e físicas, inclusive aceitando novos desafios em sua faixa etária. Seu ombro acolhedor fez-se sempre sentir em todos os momentos da minha existência, fossem eles de dor, sofrimento e dificuldades, assim como também comigo compartilhou as inúmeras e mais variadas alegrias incontidas. Obrigado minha mãe por ter me posto no mundo e por ter me apontado os melhores caminhos para que eu pudesse trilhá-los com sucesso (Figura 54).

Figura 54: Minha amada mãe Walkyria Lobo Fagundes exemplo de virtude, uma verdadeira heroína que sempre esteve ao meu lado, recebeu o devido reconhecimento em meu discurso de posse.

 

Aos meus colegas docentes meu agradecimento tem como símbolo meu mestre maior, aquele que acreditou em mim quando ainda médico residente desta instituição. Ajudou-me com total convicção, para que eu me tornasse, na ocasião, o primeiro residente a realizar a especialização em outro país.  Assim pude em 1973, durante todo o terceiro ano da residência, fazer meu treinamento em Gastroenterologia Pediátrica, em Buenos Aires com o pioneiro desta especialidade na América latina, Horácio Toccalino. Minhas homenagens se dirigem ao Professor Azarias Andrade de Carvalho, que me adotou como se seu filho fosse desde meu retorno e ao longo de toda minha carreira teve sempre palavras de estímulo e apoio irrestritos. Mantenho ainda hoje nitidamente muito vivo na lembrança o dia que recebi sua visita no hospital que trabalhava na Argentina; a alegria e a emoção de vê-lo chegando me encheram de um orgulho enorme, pois receber a visita do mestre em terras estrangeiras representavam uma honra e uma distinção da mais alta valia. O mesmo também ocorreu quando da minha ida para os Estados Unidos, agora já como docente, Azarias também se fez presente para dar o apoio e o conforto moral para mais uma aventura no exterior. E esta foi a tônica do nosso relacionamento, e vale dizer que isto não foi um privilégio apenas meu. Azarias representa para toda a classe pediátrica a união, o anseio por querer nada menos que o melhor para nossas crianças, a figura do humanista sem concessões de qualquer natureza, o sábio conselheiro, enfim o mestre que todos gostaríamos de ter e ser. Obrigado meu mestre por ter-nos dado sempre o exemplo da retidão de conduta e a sensibilidade de amar a criança de forma absoluta e integral, sem distinção de raça, credo ou origem socioeconômica.

 

Aos meus companheiros servidores e funcionários técnico-administrativos vai aqui minha gratidão pela extraordinária dedicação à nossa instituição e à sociedade, e que mesmo sem receberem o devido e justo reconhecimento salarial por parte dos nossos governantes, aliás constatação que também é válida para nós docentes, continuam sem esmorecer a oferecer o melhor de si em prol da nação, na expectativa de um amanhã mais promissor. Como reconhecimento e respeito pelo trabalho por vocês realizado gostaria de saudá-los na pessoa do sr. Jonas Santana da Silva, técnico em gesso do HSP e técnico de laboratório da UNIFESP, a quem posteriormente terei o prazer de outorgar a medalha da nossa universidade, como gratidão pelos inestimáveis serviços prestados ao próximo, sempre com dedicação extrema. Jonas foi a pessoa que me cuidou, com todo carinho, das incontáveis lesões por mim sofridas, durante os anos de acadêmico, como esportista defendendo a nossa gloriosa Atlética, muitas vezes fazendo verdadeiros milagres para que eu pudesse estar em condições de participar de mais uma árdua batalha. Certa vez, quando já cursava o quinto ano de Medicina, num fim de semana jogando futebol por um outro clube contra a seleção Brasileira que ia disputar as Macabíadas, sofri, num choque com o goleiro adversário, uma dupla luxação esterno-clavicular, o que me causava dor intensa mal podia respirar, e que praticamente me impossibilitava movimentar o tronco e os braços. Mas vivíamos a semana decisiva da Pauli-Med e tínhamos um jogo de futebol cujo resultado seria vital para nossa vitória na competição. Eu era o capitão do time, exercia uma liderança importante no grupo, precisava entrar em campo de qualquer forma, e além do mais havia um outro fator de complicação pois o jogo seria realizado no campo do inimigo, lá na Atlética deles. Corri desesperado ao Jonas praticamente exigindo que ele resolvesse meu problema. Jonas com seu olhar paciente, quase de deboche, me disse: “vou lhe fazer um colete de gesso do pescoço à cintura e se você conseguir se equilibrar vai poder jogar”. Dito e feito, o colete foi providenciado e em mim colocado, fiquei completamente enrijecido, mas pelo menos me vi livre da dor que tanto me incomodava. Apresentei-me para jogar e ninguém podia acreditar que eu teria condições para tal, mas como era veterano e capitão do time o poder da influência falou mais alto e desta forma entrei em campo. Digo entrei em campo, pois isto foi literalmente o que ocorreu, não conseguia me movimentar e tampouco me equilibrar com aquela verdadeira armadura medieval, mas assim permaneci por todo o tempo, até que no fim do jogo que se mantinha num irritante zero a zero, houve uma falta a nosso favor próximo da área do adversário. Com a prepotência de todo bom veterano decidi que bateria a falta, não havia naquele momento a mais mínima possibilidade de me impedirem que isto ocorresse, porque naquela época havia hierarquia e esta era rigidamente respeitada. Bem, assim sucedeu, bati a falta e fiz o gol, ganhamos o jogo e mais uma Pauli-Med, a quarta consecutiva, e tudo por obra e graça da armadura que o Jonas inventou de me colocar. Obrigado amigo Jonas, você é sempre um personagem inseparável das memórias da nossa geração de acadêmicos.   

 

Ao corpo discente também gostaria de deixar aqui consignados meus mais sinceros agradecimentos pela intensa participação em todo o processo eleitoral, trazendo o entusiasmo e a visão crítica essenciais para o engrandecimento das instituições democráticas, além de deixar transparente o desejo e a ânsia de que querem ver um mundo melhor para si e para toda a sociedade dentro em breve. Vocês têm pressa, a fome dos aflitos, isso é altamente salutar e desejável, posto que representam o amanhã e o dia já está raiando. Vocês são também nosso bem maior, por esta razão em seus ombros está depositada toda a expectativa de um porvir melhor, o futuro será mais alvissareiro que o presente, vocês incorporam a figura dos agentes de transformação da sociedade. E como estou me referindo ao futuro, peço permissão aos nossos alunos para homenageá-los na pessoa do meu neto, Pedro Brecheret Fagundes, filho de Ana Paula Brecheret, médica nefrologista pediátrica, graduada nesta instituição e Ulysses Fagundes, médico servidor da UNIFESP e mestre em Pediatria. Eu pedi para que ele viesse vestido com o uniforme da seleção brasileira de futebol, porque este é o símbolo que melhor representa nosso país em qualquer lugar do mundo, é por esta aptidão extraordinária do nosso povo que somos universalmente idolatrados e reverenciados como artistas da bola. Mas como estou falando do amanhã, espero ardentemente que as próximas gerações, a dos nossos estudantes atuais, assim como a do Pedro, tornem nossa terra reconhecida internacionalmente mais do que apenas como a pátria das chuteiras e do carnaval. Desejo que vocês, com o arroubo da juventude, utilizem esta nossa fantástica capacidade de tolerância e miscigenação racial transformando-a numa energia positiva que possibilite gerar um país com igualdade de oportunidades, justa distribuição de renda, sem iniquidades sociais, desprovido de violência, com preservação da nossa maravilhosa natureza e a devida proteção aos habitantes das florestas, aonde se exerça a verdadeira cidadania, enfim uma nação que sirva de exemplo não somente na habilidade da prática do futebol mas acima de tudo na arte do convívio solidário e do bem estar social.

 

Por último, mas não menos importante, meus agradecimentos são dirigidos aos meus amigos, os companheiros de todas as horas, aqueles que apresentam a mão estendida, com total despojamento d’alma, nos momentos mais críticos e difíceis das nossas vidas, que nos fazem ver uma luz de alento e nos mostram um caminho alternativo quando tudo parecem trevas. Estes sentimentos desejo expressar na pessoa do meu grande e fraterno amigo Hélio Egydio Nogueira. Diz o poeta: “amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração, assim falava a canção, amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção, o que importa é ouvir a voz que vem do coração, pois seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia amigo eu volto a te encontrar...”. Agora digo eu pela voz do meu coração e seguramente pela voz de todos os corações da família UNIFESP, receba nosso preito de eterna gratidão por aquilo que você fez e com certeza continuará a fazer de bem, para todos os que te rodeiam. Obrigado amigo Hélio, pela confiança em mim depositada, pelo apoio incondicional ao longo destes quatro anos de íntima e fraterna convivência, pelo carinho demonstrado com toda minha família, principalmente por me estender a mão e me dar o consolo confortador quando tudo parecia irremediável. Enfim, obrigado também por ter, entre tantos outros valorosos colegas que poderiam ter sido escolhidos, apostado na minha pessoa para sucedê-lo.

 

A universidade, desde sua longínqua fundação, como instituição medieval que precede a existência do estado-nação, é europeia por excelência e consubstancia seus valores. Em mais de novecentos anos de vida, desde a fundação da Universidade de Bolonha em 1088, a mais antiga do mundo, a obra universitária constitui o patrimônio mais valioso da humanidade, envolvendo ensino e investigação. Galileu Galilei foi professor em Bolonha e Copérnico desenvolveu suas teorias na Universidade de Salamanca, fundada em 1218. A emergência da economia enquanto disciplina dá-se pela contribuição de filósofos como Adam Smith. Karl Marx era um tecnólogo e estava interessado nas formas pelas quais a humanidade produz e acumula valor: por isto a transição feudalismo-capitalismo era seu tema. Pasteur era químico, e tentava compreender, a princípio, os problemas com a produção de vinho na França. A busca pela compreensão do processo de fermentação o levou a desmontar a teoria da geração espontânea e a entender os princípios da antissepsia. Bem, meus caros amigos, como se percebe por esta brevíssima resenha seriam necessárias muitas e muitas páginas para apenas listar grandes nomes da produção científica e cultural da humanidade, ligados à universidade. Esta tradicionalíssima instituição continua a crescer e a prosperar, muito embora, no decorrer destes nove séculos tivesse vivenciado inúmeras mudanças estruturais para torná-la adaptada às necessidades vigentes das sociedades nos mais diferentes momentos. As universidades dos nossos dias celebram e compartilham suas conquistas com a sociedade como um todo, consideram-se a si mesmas como produtoras do conhecimento utilizável. Duas grandes forças, uma intelectual e outra de natureza política, encontram-se por trás desta transformação dos propósitos e da autoimagem da universidade. A intelectual é decorrente do triunfo das ciências naturais. A ciência explodiu de forma tão esplendorosa no século 20 como em nenhum outro momento da história, suas conquistas têm se mostrado ilimitadas em todas as áreas do saber e facilmente vieram a destronar as ideias de que a universidade deveria apenas cultivar o intelecto. A segunda grande força de transformação da universidade, a política, está diretamente ligada a democracia e a demanda de educação de massa, que na verdade é um dos seus corolários. Portanto, na maior parte do século 20, ciência e democracia foram as principais forças que moldaram a universidade. Mas as grandes transformações não param por aí, novas ideias continuam surgindo a respeito do papel que a universidade deve assumir. Atualmente, já no século 21, acadêmicos e políticos estão tratando de enxergar a universidade não apenas como a criadora de conhecimentos, uma fonte de treinamento de jovens mentes e uma transmissora de cultura. Estão indo além na sua conceituação, visualizam a universidade também como um agente da maior magnitude para o crescimento econômico, a chamada fábrica do conhecimento. A universidade, portanto, constitui-se em uma estrutura ímpar de organização, devido à multiplicidade das suas missões e a ausência de uma única forma de autoridade absoluta. A preservação da diversidade e da autonomia são dois fatores básicos que se projetam para a construção da Universidade do Futuro. O fortalecimento desses aspectos é a garantia de nossa sobrevivência e crescimento. Para que isso ocorra é necessário que o docente seja valorizado, e aqui vale lembrar que a formação de docentes universitários, com a qualidade por nós exigida, é uma longa jornada que demanda esforços de toda uma vida. Concomitantemente nossos parceiros essenciais, os servidores de todos os níveis, devem poder pensar na sua trajetória institucional também em longo prazo a partir de um plano de carreira devidamente definido, bem como a preocupação com sua qualidade de vida deve ser prioritariamente valorizada, além de outras ações específicas que resultem em melhoria da autoestima e revertam em ganhos profissionais reais.  Uma vez preenchidos estes requisitos principais, será possível garantir que os estudantes recebam o melhor da instituição. No mundo moderno o foco deve estar no aluno, e não mais no curso e isso deve significar maior flexibilização e diversificação da formação acadêmica. Uma formação de largo espectro disciplinar é o objetivo a ser alcançado e os programas de iniciação científica devem ser vistos como os núcleos geradores dos futuros recursos humanos da universidade.      

 

A educação é a base e o estofo de uma sociedade que busca a igualdade de oportunidades para seus cidadãos. A educação é a garantia para que o conceito de cidadania exista na prática, e não apenas na lei. A educação é uma das obrigações do Estado. Em todo o mundo desenvolvido, o governo é o grande financiador do ensino e da pesquisa, assumindo os deveres de formar mão de obra especializada, e garantir a qualidade dos seus recursos humanos no campo da competitividade econômica. Educação não pode ser vista como custo, mas sim como investimento da mais alta valia. Mas a educação superior é privilégio de uma minoria, mesmo nos países desenvolvidos. Justamente por isso, em países em desenvolvimento, as instituições de ensino, pesquisa e extensão exercem um papel fundamental para a transformação da realidade do país e para seu desenvolvimento. A capacitação de recursos humanos visa formar lideranças profissionais e intelectuais, essenciais para a definição dos destinos de uma nação. Na universidade apreendem-se conteúdos, aprende-se a respeitar o ambiente político-institucional, as hierarquias e o valor das responsabilidades acadêmicas.   Deixo aqui, portanto, por todos os motivos anteriormente assinalados, meu mais arraigado compromisso em defesa da universidade pública, gratuita e de excelência, voltada para atender as necessidades da sociedade que a financia.

 

A UNIFESP tem feito história na produção do conhecimento e nas relações com a comunidade na qual está inserida. Desenvolve e difunde ciência, forma recursos humanos para as áreas da saúde em nível de excelência e atua como instituição de incomparável importância tanto na promoção quanto na proteção da saúde. Mas para chegar a este estágio atual de elevado prestígio nacional e internacional, muito esforço foi dispendido por inúmeras gerações que nos antecederam, verdadeiros heróis, seres humanos iluminados e visionários que acreditaram fosse possível tornar realidade um sonho tão risonho.  A UNIFESP foi criada em 15 de dezembro de 1994, como resultado da transformação da EPM que foi fundada em 1933. A EPM quando da sua criação não possuía de seu um único metro quadrado de terreno, mas foi grande o ideal, persistente e determinado, dos fundadores. Passados 70 anos, o campus do complexo UNIFESP/SPDM, ocupa uma área de aproximadamente 150.000 metros quadrados distribuídos em 38 quadras, possuindo em torno de 250 imóveis próprios e/ou alugados. Nossa universidade ministra 5 cursos de graduação para 1296 alunos, oferece 37 programas de residência médica envolvendo 455 médicos e 39 enfermeiras na residência de enfermagem. Na área da pós-graduação, sentido amplo, a UNIFESP oferece 142 cursos de especialização tendo 1686 alunos matriculados, enquanto na pós-graduação, sentido estrito, mestrado e doutorado, desenvolve 39 programas para um total de 1974 alunos originários dos mais diversos locais do país e inclusive do exterior. Neste segmento contamos com 493 professores orientadores, os quais compõem 127 grupos de pesquisa cadastrados junto ao CNPq, desenvolvendo 387 linhas de pesquisa. No campo da extensão, o complexo UNIFESP/SPDM encontra-se profundamente inserido no sistema público de saúde, e é nosso desejo não somente manter esta inserção, mas também liderar definitivamente esta ação em benefício da sociedade. Entendemos que desta forma proporcionaremos, entre outros aspectos benéficos, postos de trabalho para um contingente considerável de profissionais da saúde que gravitam em torno da nossa instituição e ao mesmo tempo propiciaremos que a excelência da qualidade destes profissionais seja oferecida àqueles que buscam assistência no Sistema Único de Saúde. Além do Hospital São Paulo nossa instituição administra 5 outros hospitais localizados em diferentes pontos do município de São Paulo, e mesmo em outros municípios do Estado, Centros de Saúde e de Reabilitação Física, assim como mantém convênios com várias outras instituições de saúde no Brasil e no exterior. Como se vê tivemos um crescimento verdadeiramente exponencial ao longo dos tempos, mais intensamente nesta última década, quando nos tornamos uma universidade da saúde. É, portanto, chegado o momento de repensar nossos destinos e consolidar os ganhos conquistados. Parafraseando Augusto Comte, teórico do Positivismo, inspirador da frase “Ordem e Progresso” da bandeira brasileira, eu entendo que estes dizeres deveriam ser invertidos. Progresso que é desordem criativa vem primeiro, assim como tem sido na UNIFESP e agora devemos passar a cuidar da Ordem. Aliás, neste sentido acaba de ser finalizado, pelo nosso Departamento de Engenharia, após longos meses de estudos e discussões, um ambicioso projeto urbanístico de reestruturação imobiliária do nosso campus, o qual busca dar maior racionalização na ocupação dos espaços, com prioridade às edificações verticais, e que será submetido à apreciação do nosso Conselho Universitário, para que uma vez aprovado tenha seu início imediatamente implementado. Ainda no campo da Ordem sem que nos esqueçamos do Progresso, é de fundamental importância reafirmar pelo menos três grandes valores que se revelam como as verdadeiras vocações dos programas desenvolvidos na UNIFESP: produzir conhecimento, ensinar e fortalecer a instituição pública gratuita e de excelência na qualidade. A partir deles é que vamos pôr ordem no progresso e devemos saber que muito mais progresso virá, estabelecendo um círculo virtuoso para o nosso futuro. Com a participação ativa de toda nossa comunidade, valorizando acima de tudo o ser humano, colocando em plena atividade nossa extraordinária força de trabalho, em uma ação conjunta e solidária, construiremos a Universidade do Futuro e consolidando definitivamente o lema “a UNIFESP para todos” (Figuras 55-56-57-58-59-60-61).    








Figuras 55-56-57-58-59-60-61: Fotos da cerimônia solene de posse no anfiteatro Marcos Lindenberg.


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