Reitor:
Ulysses Fagundes Neto
DISCURSO DE RECONDUÇÃO - 1° de agosto de 2007
Figuras 69-70: Cerimônia oficial de posse da recondução à reitoria da UNIFESP na presença do ministro da Educação9 Fernando Haddad.
Figura 71: Momento da assinatura da posse oficial como reitor da UNIFESP.
Figura 72: Carla filha de Luciana, Luciana, eu e minha filha Walkyria.
Figura 73: Diretores da SPDM Samuel Goihman, José Roberto Ferraro, Ulysses Fagundes e Carlos Alberto Garcia Oliva presentes à cerimônia de posse.
Figura 74: O cumprimento do ministro da Educação Fernando Haddad com quem sempre mantive uma relação extremamente harmoniosa e cooperativa.
Minhas palavras iniciais são de agradecimento a
toda nossa comunidade, composta por docentes, servidores e funcionários,
estudantes de graduação, estudantes de pós-graduação sentido amplo e restrito
(mestrado e doutorado) e médicos residentes, que compuseram o colégio eleitoral
e que nos sufragou com 86% dos votos. Entendo que este percentual de apoio reflete
uma clara demonstração de aprovação à nossa gestão, o que muito honra nossa equipe
de trabalho, a qual ao longo destes últimos 4 anos de intensas batalhas se empenhou
de corpo e alma, em prol da preservação da excelência da nossa querida UNIFESP.
Em segundo lugar, mas não menos importante desejo consignar
meu preito de gratidão aos membros do nosso Conselho Universitário que, com
grande ousadia e firme vontade política, decidiu por unanimidade e posterior
aclamação, aceitar o desafio de mudar para sempre a história da nossa universidade.
Deixamos definitivamente de ser a querida Escolinha, para nos transformarmos
numa pujante Universidade, a qual ao incorporar novas áreas do conhecimento passa
a trilhar os mais diversos e fascinantes caminhos da universalidade dos campos
do saber, mas mantendo preservado o tradicional selo de excelência de qualidade
conquistado ao longo dos tempos. Este passo decisivo e corajoso nos guindará,
estou seguro, em breve futuro, ao topo das mais prestigiosas universidades internacionais,
posto que estamos expandindo nossas fronteiras na produção do conhecimento, o que
nos torna, assim, uma universidade plena. Mais uma vez, portanto, passamos a ser
motivo de justificado orgulho do povo paulista a serviço do Brasil, ao mesmo
tempo em que contribuímos de forma significativa para a melhoria da qualidade de
vida do ser humano. Isto posto, considero que os 93% dos votos que recebi dos
membros do nosso Conselho Universitário para esta nova gestão que agora se inicia,
na verdade não são apenas meus e desta excepcional equipe que me acompanha para
mais uma árdua e honrosa jornada, mas sim são absolutamente compartilhados com
todos vocês, porque juntos enfrentamos todas as agruras que se apresentaram
nestes 4 anos passados e juntos construímos com muito labor esta nova face da UNIFESP.
Constituímo-nos em verdadeiros agentes de transformação de uma antiga e acomodada
situação que já perdurava por décadas para enfrentarmos com o espírito renovado
uma nova e promissora realidade. Portanto, desejo deixar explicitado, neste
momento, a toda nossa comunidade e a todos nossos convidados este mérito extraordinário
do nosso Conselho Universitário pelo seu alto sentido de engajamento nas boas causas
do mundo acadêmico em benefício da sociedade.
Um agradecimento muito especial ao nosso corpo docente
que soube entender e apoiou as duras medidas iniciais que foram tomadas, sérias
e duradouras, porém necessárias para o equacionamento dos problemas internos
existentes. A compreensão de que eram ações que teriam efeito negativo temporário
e o crédito de confiança que nos foi depositado tornou-se de fundamental importância
para que obtivéssemos o êxito final alcançado. Desejo também agradecer profundamente
nossos servidores e funcionários, parceiros essenciais, pelo esforço e dedicação
extraordinários para o engrandecimento da nossa instituição.
Aos nossos estudantes desejo felicitá-los pela
forma brilhante com que representam a UNIFESP quer seja no campo acadêmico quer
seja nas disputas esportivas universitárias, onde temos obtido vitórias maiúsculas.
Felicito-os também pela maneira absolutamente civilizada de reivindicar aquilo que
lhes parece de direito, sempre dispostos ao diálogo franco e transparente. Sua
intensa participação nas causas pertinentes à vida universitária com o entusiasmo
próprio da juventude e a visão crítica do mundo são essenciais para o engrandecimento
e o fortalecimento das instituições democráticas. O desejo e a ânsia de querer viver
em uma sociedade solidária e justa é altamente salutar, e o jovem traz embutido
em seu coração e em sua mente o germe irrefreável da transformação da sociedade.
Nossos estudantes são nossos bens de maior valia e como tal merecem toda nossa
atenção, dedicação e carinho. Neles está depositado o futuro da nação, e que
este futuro venha com urgência e que nos traga uma sociedade com igualdade de
oportunidades, com justa distribuição de renda, que seja desprovido de iniquidades
sociais, sem violência, e aonde o exercício pleno da cidadania não seja uma mera
promessa vazia de palanque de políticos demagogos e sim uma conquista real e
definitiva para toda a população.
Há 4 anos no meu discurso de posse afirmei que era
chegado o momento de inverter o lema positivista da nossa bandeira. Deveríamos
colocar ordem no nosso progresso e que uma vez atingido este objetivo mais progresso
viria. Com efeito, foi o que se verificou na prática, pois neste período crescemos
em um ritmo espetacular, jamais igualado em nossos quase 75 anos de história.
Aproveitamos os fatores conjunturais favoráveis do país e lideramos o processo
de expansão das universidades federais. A abertura do campus da Baixada Santista
serviu de modelo para este ambicioso e ousado projeto de mudança de paradigma.
Logo a seguir vieram os campi de Diadema, Guarulhos, e São José dos Campos.
Desde nossa fundação em 1933 até 1970 havíamos criado 5 cursos de graduação,
sendo todos na área da saúde. Atualmente passamos a oferecer 19 cursos ampliando
nosso campo de atuação abrangendo também as ciências exatas, as ciências biológicas
e as humanidades. Deixamos assim de ter um rótulo de especificidade exclusivista
a “Universidade da Saúde” para, sem perder o reconhecimento de excelência neste
campo do saber, nos tornamos uma Universidade plena, multicêntrica e polivalente.
Com o processo de expansão veio também o crescimento financeiro, tanto para o campus
de São Paulo que teve seu orçamento de custeio e capital dobrados, graças à compreensão
por parte do ministro da Educação
Para poder acompanhar este fantástico crescimento físico, no qual mais do que se triplicou o número de cursos oferecidos pela UNIFESP, também se tornou imperioso ampliar proporcionalmente o número de docentes e servidores técnico-administrativos da instituição, o que de fato ocorreu. Ao longo destes 4 anos foram contratados por meio de concursos públicos 237 novos docentes nos diversos campi, todos eles portadores do título de Doutor. Para o campus de São Paulo foram 115 docentes, sendo que 31 destes concursos foram para Professor Titular, o que proporcionou um salto de 75% no número anteriormente existente que era de 56, mas que decresceu para 44 Professores Titulares, devido a aposentadorias e falecimentos. Desta forma nosso Conselho Universitário experimentou uma notável renovação na sua composição incorporando novos cérebros privilegiados para auxiliar na orientação dos destinos da UNIFESP. Em Santos foram contratados 52 docentes, em Diadema e Guarulhos 40 docentes em cada campus. Vale enfatizar que os 100% dos docentes contratados por concurso para atuar nos campi da expansão são portadores do título de Doutor, o que é algo absolutamente inédito na história da UNIFESP e das instituições universitárias federais do país. Mais ainda, analisando o currículo destes nossos novos colegas, pode-se verificar que a maioria deles realizou curso de pós-doutorado, no país ou no exterior, em reconhecidas e prestigiosas instituições universitárias, sendo possuidores de linhas de pesquisa próprias consolidadas, e que, portanto, de imediato devem começar a produzir conhecimento a partir dos financiamentos obtidos junto às agências de fomento à pesquisa. Neste período foram também contratados 91 professores visitantes e 29 professores substitutos, além de termos conferido o título de professor afiliado a 98 profissionais ligados à nossa instituição. Foram também contratados por concurso nestes 4 últimos anos 1554 servidores técnico-administrativos. Como se pode deparar destes números foi necessária a realização de 1791 concursos públicos, um recorde histórico na universidade federal, o que exigiu uma verdadeira operação marcial, mobilizando toda a estrutura administrativa da universidade em esforço hiper concentrado para a sua efetivação, e que envolveu 504 examinadores para a escolha dos melhores candidatos, posto que a demanda apenas para as 132 vagas docentes da expansão foi de 816 candidatos, portanto mais de 6 candidatos/vaga, todos portadores do título de doutor. Estes números atestam de forma cabal a imensa potencialidade que a universidade pública apresenta para atrair jovens pesquisadores de grande competência, ávidos por ingressar em uma carreira que oferece reais perspectivas de crescimento intelectual, visto que é nas universidades públicas que se dá a possibilidade da geração de conhecimento. Além de muitas outras, esta é mais uma importante razão que faz do processo de expansão das universidades públicas federais uma imperiosa necessidade da nação, posto que a oferta de excelentes profissionais ainda é muito superior à capacidade de absorção por parte das instituições públicas, que são estas as que realmente estão interessadas no campo da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação.
O processo de expansão resultou também em um aumento
espetacular no número de vagas oferecidas no exame vestibular de ingresso à universidade.
A UNIFESP que há muitos anos dispunha da oferta de apenas 300 vagas para seus
cursos no campus de São Paulo deu um salto enorme para 1150 vagas, portanto quase
4 vezes mais do que o até então disponível, proporcionando uma maior possibilidade
aos jovens brasileiros de cursar uma universidade pública e de qualidade
reconhecida. Com esta iniciativa aumentamos também o número de estudantes matriculados,
que tradicionalmente era de 1420, passando em 2007 para 2350 estudantes e quando
este processo estiver concluído nosso corpo discente será composto por 4860 alunos
de graduação, 3,4 vezes maior do que o originalmente disponível. Paralelamente
o número de inscritos para o exame vestibular também sofreu um aumento significativo
passando de cerca de 13000 para aproximadamente 24000 postulantes. Outro aspecto
de importância diz respeito ao número de candidatos por vaga, que mesmo nos
novos cursos mostrou-se tão elevada quanto naquelas já bem estabelecidas
universidades públicas, o que atesta o acerto da medida tomada e reflete de forma
inquestionável o enorme prestígio que representa a marca UNIFESP no meio estudantil
universitário. Vale também ressaltar que pela primeira vez passamos a oferecer
cursos noturnos, isto ocorreu no campus de Guarulhos e a procura por vagas foi
maior do que a dos cursos vespertinos, portanto, passamos a atender uma demanda
importante que estava reprimida. A UNIFESP também inovou no campo das ações
afirmativas, depois de intensas e frutíferas discussões internas e com experts
da sociedade civil aprovou em 2004 para ser implementado em 2005 um incremento
de 10% de vagas novas para o sistema de cotas, de tal forma a propor um modelo
de inclusão sem afetar as vagas existentes oferecidas pelo sistema universal do
vestibular. A primeira experiência trouxe resultados animadores, posto que a avaliação
do desempenho dos estudantes demonstrou que não houve diferenças significativas
ao longo do ano letivo, entre as notas dos ingressados pelos diferentes sistemas
existentes.
Nossas atividades de extensão constituem uma ponte
entre a universidade e a sociedade que nos financia, e nesta relação as demandas
são infindáveis porque elas se revertem em benefício da própria população. Os projetos
sociais, que somam mais de 200, estavam isolados nos diferentes departamentos
acadêmicos ou eram de iniciativa pessoal de docentes ou de estudantes, passaram
a ser devidamente registrados o que trouxe maior organização e possibilitou um
controle mais eficiente da sua avaliação. Dentre os inúmeros projetos coordenados
pela extensão destacamos o Lar Escola São Francisco, o programa de atenção à saúde
à população do Parque Indígena do Xingu que em 2005 completou 40 anos de atividades
ininterruptas, o Projeto Pirado
Produzir mais e melhor ciência, com liberdade de organização
e, basicamente, com os mesmos recursos financeiros e humanos disponíveis, este
foi o desafio a ser vencido, como de fato o foi na área da pós-graduação e pesquisa.
A partir de 2003 uma resolução determinou que para ser autorizada a montagem de
uma banca para a defesa da tese, o candidato deveria ter seu trabalho acadêmico
submetido a uma publicação em periódico indexado. Esta medida acarretou um
crescimento de 50% nas publicações. Estes resultados que representaram uma
verdadeira mudança de paradigma mostraram o acerto desta decisão. Atualmente, na
área da pós-graduação sentido estrito, mestrado e doutorado são desenvolvidos 43
programas para um total de 1789 alunos de mestrado e 1556 alunos de doutorado
matriculados em 2006. Somente naquele ano ocorreu a homologação de 395 teses de
mestrado e 278 teses de doutorado. Vale ainda ressaltar que 80% dos nossos alunos
de pós-graduação são originários dos mais diversos locais do país e inclusive do
exterior. Neste segmento contávamos em 2003 com 493 professores orientadores, os
quais compunham 127 grupos de pesquisa cadastrados junto ao CNPq, desenvolvendo
387 linhas de pesquisa. Atualmente contamos com 774 professores orientadores
coordenando 432 linhas de pesquisa. Esta transformação dos princípios que norteavam
a organização da pesquisa para uma proposta mais desafiadora, além de coadunar-se
com a tendência internacional, preparou terreno para a desejada e imediata inserção
no sistema, dos docentes nos campi recentemente criados. Hoje o jornal O Estado
de São Paulo publica uma matéria com o título “Produção científica cresce mais
de 200% nas grandes universidades”, relatando que segundo relatório da CAPES
entre as 15 maiores universidades com maior produção científica no momento, 11
cresceram mais de 200% em relação a dez anos atrás. As seis primeiras colocadas
– USP, UNICAMP, UFRJ, Unesp, UFURGS, e UFMG – mantêm suas posições no ranking
desde 1996, com aumento significativo da sua produção científica. A UNIFESP
encontra-se em sétimo lugar (dá para classificar para a copa Sul-Americana, mas
ainda não alcançamos a Libertadores da América) tendo publicado em 2006 em revistas
indexadas internacionalmente 685 trabalhos com um aumento de 379% na produção
científica nestes últimos dez anos. Diz ainda a matéria que a área do conhecimento
com maior número de publicações no Brasil hoje é a medicina e que uma das instituições
que mais contribuiu para isso foi a UNIFESP. Em outras palavras, quando aplicamos
o malfadado fator de correção, do qual já estamos fartos, nós nos colocamos entre
os primeiros. Acontece, porém, que o fator de correção não aparece nas
estatísticas oficiais, é necessário esmiuçar os dados disponíveis para encontrarmos
este aspecto peculiar da nossa área de atuação. O grande desafio está lançado,
a partir da nossa expansão nestes próximos dez anos teremos que mudar muito
para cima a posição da UNIFESP no ranking da produção científica no país.
A criação da Fundação de Apoio à UNIFESP em 2005,
depois de longas e profundas discussões envolvendo toda nossa comunidade, aprovada
pelo Conselho Universitário veio em boa hora para normalizar uma situação considerada
irregular pelo Tribunal de Contas União, qual seja a existência dos chamados
órgãos suplementares que recebiam repasses financeiros para departamentos e disciplinas
através dos centros estudos. Os principais instituidores da FAP são os institutos
e centros vinculados à universidade que ao se cotizarem possibilitaram a fundação
a comprar um imóvel próprio, e que desde então permitiu seu funcionamento
regular atuando dentro da sua proposta como um organismo autônomo e gerador de
recursos sob o estrito controle do Conselho Universitário.
Ao longo destes 4 anos tivemos uma grande
preocupação em cuidar do ser humano que gravita em torno da nossa instituição
como um todo, mas uma atenção mais particular foi dedicada aos nossos servidores
e funcionários, sabedores que somos de todas as dificuldades financeiras e
sociais que enfrentam no seu dia a dia em virtude da baixíssima remuneração que
percebem mensalmente. Para minimizar esta injusta situação socioeconômica foram
tomadas inúmeras medidas de valorização daqueles que dão apoio à atividade fim
da universidade, para que pudessem evoluir pessoal e profissionalmente. Em 2004
criamos a Comissão de Capacitação do Pessoal Técnico-Administrativo para motivar
os servidores e favorecer a ascensão na carreira, o que reverteu em benefício
pecuniário, além de tê-los tornado mais bem preparados, através da realização
de cursos modulares que foram ministrados em horário de almoço e durante os
fins de semana. Este programa, que se encontra em plena atividade, redundou em grande
sucesso atraindo de forma maciça nossos servidores e até o presente momento já
foram capacitadas 3022 pessoas, o que representa 70,6% da nossa força de trabalho. As aulas são ministradas por profissionais de
nível superior arregimentados por voluntariado no seio da UNIFESP, os quais se
dispõem a colaborar espontaneamente em uma extraordinária demonstração de
solidariedade e espírito cívico. A todos eles fica aqui registrada nossa enorme
gratidão. Outras ações merecem destaque tais como a ampliação da Escola Paulistinha
de Educação, o Centro de Educação Informal e Escola de Artes e Ofícios, todas
elas ligadas ao Departamento de Assuntos Comunitários e que prestam excelente
serviço à nossa comunidade. Em 2003, tomando como base o anteprojeto de gestão foi
criado o Programa Pró Qualidade de Vida com objetivo de “cuidar de quem cuida”.
Era necessário ter um pensamento sobre educação mais além do que algo apenas atrelado
à empregabilidade e à competitividade, haveria que ser valorizado o crescimento
do ser humano em sua plenitude. Todos estes objetivos foram perseguidos por
meio de cursos, palestras, eventos e campanhas. Mas o conceito de qualidade de
vida engloba ainda aspectos relacionados ao lazer, esporte e cultura. Desta
forma inúmeras atividades, tais como festas, bazares, exposições de artesanato,
apresentações musicais no horário de almoço, ginástica laboral, aulas de yoga,
condicionamento físico além de muitas outras atrações, foram promovidas com a correspondente
participação ativa dos nossos servidores e funcionários.
Após estes 4 anos enfrentando grandes desafios que
acarretaram mudanças essenciais na estrutura da nossa universidade é novamente
chegado o momento de revermos o lema positivista da nossa bandeira no seu sentido
inverso, é de novo necessário colocarmos ordem no progresso. E para tal a reforma
do nosso estatuto se faz urgentemente necessária, há que se definir que modelo
de universidade queremos ser. É com uma visão no futuro, até onde a nossa vista
e a nossa inteligência consigam alcançar, que nossos pensamentos devem estar dirigidos,
totalmente despojados de paixões momentâneas ou de sentimentos voluntariosos
por querer fazer prevalecer este ou aquele ponto de vista que se possa impor como
a verdade absoluta. Nesta discussão não poderá haver vencedores nem vencidos, somente
a UNIFESP deve ser a ganhadora, é para servi-la que aqui dedicamos nosso dia a
dia de trabalho. É necessário grandeza de espírito e elevado sentimento de compreensão
e respeito pela diversidade de opiniões, que se espera sejam desprovidas de preconceitos
e discriminações. Acima de tudo deve ser lembrado que podem existir múltiplos
campi, mas há apenas uma UNIFESP, que tem que ser preservada sempre coesa, integrada,
intimamente articulada em todas as suas estruturas. Estou seguro de que a
sabedoria que até os dias atuais tem nos norteado também estará do nosso lado
neste momento crucial que irá ditar o destino da nossa querida UNIFESP.
A consolidação do processo de expansão é outro tema
que ocupará uma parcela significativa da nossa agenda, começando desde já,
posto que o decreto do governo federal que criou o REUNI, um programa de
reestruturação das universidades a partir da expansão já está batendo em nossa
porta, e quanto antes iniciarmos a discussão interna, mais proveitoso será o
fruto obtido desta proposta que prevê o refinanciamento a maior em até 20% do
nosso orçamento de capital e custeio como um todo.
O sucesso da implantação e do princípio filosófico
de ocupação do prédio de pesquisa 2 gerou a perspectiva da criação do prédio de
pesquisa 3, e esta proposta está em pleno andamento, sendo que acabamos de ter
aprovado via FAP o edital de infraestrutura da FINEP no valor de R$ 3.900.000
para início da sua construção. Para a sua conclusão, à semelhança do que ocorreu
com o prédio de pesquisa 2 serão necessárias outras investidas que seguramente
serão vencedoras.
Muitos outros temas terão ainda que compor nossa
agenda de trabalho e sobre os quais teremos que nos debruçar com muita atenção
neste próximo quatriênio. Não nos esqueçamos do compromisso de saneamento econômico-financeiro
definitivo da SPDM, da implantação de linhas de pesquisa no novo laboratório de
Biologia Molecular da COLSAN, continuar trabalhando junto à prefeitura para a implantação
do projeto do Bairro Universitário, o salto de emancipação definitiva da FAP, a
construção do prédio de salas de aula tão ansiosamente aguardado, e por fim, mas
não menos importante, o término das obras de construção dos campi da Baixada
Santista, Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e da unidade de Santo Amaro.
Olhando este passado recente com a paixão que me é
inerente quando o assunto é UNIFESP, mas também até onde o espírito crítico me
permite alcançar, posso dizer sem medo de cometer equívoco maior, foi uma jornada
vitoriosa. Entretanto, a vida de esportista me ensinou que as grandes vitórias
podem ser traiçoeiras, podem esconder em seu bojo de forma escamoteada, às
vezes de maneira quase imperceptível a sensação da invencibilidade, a qual nos
leva inexoravelmente à tendência da acomodação e a perda do estímulo para novas
conquistas. É, portanto, de fundamental importância que tenhamos sempre claro
nas nossas mentes que muitas outras árduas batalhas nos esperam, e que para continuarmos
trilhando nossa rota vitoriosa será necessário envidar um esforço redobrado
para que possamos consolidar definitivamente as conquistas até agora alcançadas.
Não podemos, tampouco, negligenciar a necessidade de atender as inúmeras demandas
que ainda não foram devidamente equacionadas.
É com o espírito altamente alerta e disposto a
enfrentar novos e excitantes desafios que seguiremos trabalhando pela nossa
UNIFESP em benefício da nossa juventude. Carregamos no nosso cerne o sentimento
bandeirante do destemor ao desconhecido, do desbravador de novos caminhos além
do desejo constante de expandir nossas fronteiras. Crescer com excelência de
qualidade é nosso lema maior, a universidade do futuro continua sendo
construída, estamos honrando nossos fundadores que tão galhardamente enfrentaram
e superaram as imensas barreiras que se lhes antepuseram, mas acreditaram que a
luta valia a pena e que a bandeira por eles empunhada continuaria eternamente tremulando
imaculada e gloriosa. Como bem disse nosso grande poeta Guilherme de Almeida,
em 1936, logo após a fundação da Escola Paulista de Medicina: “aí está germinada
a semente, aí está florescido o ideal, aí está frutificado o empreendimento”. Estamos
fazendo a nossa parte em manter viva a tradição e o legado que nos foi confiado.
Frutificamos e nos multiplicamos. Estamos edificando com amor em uma ação conjunta
e solidária uma UNIFESP para todos cada vez maior e ainda melhor, a serviço de
São Paulo e para a soberania do Brasil (Figuras 75-76-77-78-79).
Figuras 75-76-77-78-79-80-81: Momentos da cerimônia solene de recondução à reitoria.
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