Enteropatia Alérgica Pós-Enterite
O quadro clínico dessa síndrome em muito se assemelha à anterior, a diferença fundamental reside no fato de as manifestações clínicas surgirem em um lactente, até aquele momento sem qualquer sintomatologia suspeita de Alergia Alimentar, após um episódio de gastroenterite aguda por algum agente enteropatogênico capaz de provocar uma lesão importante na mucosa do intestino delgado levando à ruptura da barreira de permeabilidade intestinal (Figuras 1-2-3-4 & 5), proporcionando, assim, a penetração maciça das proteínas heterólogas da dieta, potencialmente alergênicas.
Figura 2- Material de biópsia de intestino delgado à microscopia óptica comum, grande aumento, mostrando nichos de Escherichia coli enteropatogênica firmemente aderidas à superfície mucosa do intestino delgado provocando intensa atrofia vilositária.
Figura 3- Material de biópsia do intestino delgado à microscopia óptica comum, corte semi-fino, evidenciando nichos de Escherichia coli aderidas à superfície epitelial do intestino delgado.
Figura 4- Material de biópsia do intestino delgado à microscopia eletrônica mostrando o início da lesão provocada por cêpa de Escherichia coli sobre as microvilosidades, levando a distorsão e alongamento das mesmas.
Figura 5- Material de biópsia do intestino delgado à microscopia eletrônica evidenciando a típica lesão em pedestal provocada por cêpa de Escherichia coli enteropatogênica. Notar que há total destruição das microvilosidades.
Em pacientes susceptíveis de Alergia, pode-se instalar um quadro clínico de perpetuação da diarréia (diarréia persistente) associada à síndrome de má absorção com perda de peso e parada do ritmo de crescimento (Figura 6 - 7 & 8).
Figura 6- Gráfico do crescimento pondero-estatural da paciente portadora de Alergia Alimentar pós gastroenterite. Notar a significativa perda de peso e completa parada do rítmo de crescimento.
Figuras 7 & 8- Paciente portadora de Alergia Alimentar (a mesma do gráfico acima) evidenciando grave desnutrição devido à síndrome de má absorção por ocasião do diagnóstico de Alergia Alimentar.
Os principais agentes enteropagênicos potencialmente causadores deste tipo de lesão da mucosa do intestino delgado são as cepas enteropatogênicas de Escherichia coli e o Rotavirus. As Alergias Alimentares podem ser a múltiplos alimentos, e igualmente à situação acima descrita, a duração da Alergia Alimentar é transitória, e após a introdução de tratamento dietético apropriado ocorre completa recuperação clínica e nutricional (Figuras 9 & 10).
Figura 10- Paciente em fase de total recuperação clínica e nutricional.
Outro agente bacteriano patogênico para o ser humano que deve ser considerado como potencial causador de Alergia Alimentar devido às suas propriedades de invasão da mucosa gástrica é o Helicobacter pylori (Figuras 11 & 12). Como é do conhecimento geral, a prevalência da infecção por esta bactéria é extremamente elevada em ambientes desprovidos de saneamento ambiental, com alto grau de confinamento e íntimo contacto físico interpessoal, o que pode se tornar em fator altamente propício para a deflagração de Alergia Alimentar nos indivíduos susceptíveis.
Figura 11- Esquema de lesão da mucosa gástrica provocada pelo Helicobacter pylori.
Figura 12- Esquema de proposta de provocação de Alergia Alimentar devido a infecção pelo Helicobacter pylori.
No nosso próximo encontro discutiremos os critérios diagnósticos e o tratamento desta tão desafiante e ao mesmo tempo fascinante síndrome que é a Alergia Alimentar.
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