terça-feira, 13 de outubro de 2020

Relato de Caso: Caterpillar Sign in an Infant with Hypertrophic Pyloric Stenosis


Prof. Dr. Ulysses Fagundes Neto

O número Janeiro de 2019, da tradicional revista The Journal of Pediatrics, traz um relato de caso intitulado “Caterpillar Sign in an Infant with Hypertrophic Pyloric Stenosis” de autoria de Kawai R. e cols., que a seguir passo a resumir.

Lactente do sexo masculino, 7 semanas de vida, foi atendido no departamento de emergência com história de vômitos persistentes durante 2 semanas. Paciente nasceu com 39 semanas de gestação, parto normal, peso: 3495g. Paciente negava uso de antibióticos macrolídeos. Paciente apresentava história de vômitos em jato, pós prandiais não biliosos, após receber aleitamento natural ou fórmula láctea. O lactente havia perdido 220g do seu peso anterior sugerindo uma perda de mais de 5% durante as 2 semanas prévias. Ao exame físico o lactente apresentava-se moderadamente desidratado, com as membranas mucosas secas, abdômen distendido, sem massa palpável e discreta diminuição dos ruídos hidroaéreos. A investigação laboratorial revelou alcalose metabólica com pH: 7.56; HCO3 28,8 mEq/L; Cloro 97 mEq/L; Potássio 4,9 mEq/L. A radiografia simples do abdômen revelou uma grande bolsa de ar no estômago, com a formação de um contorno ondulado devido às contrações peristálticas (Figuras 1 e 2), também conhecida pela designação de sinal de Caterpillar.


Figura 2- Radiologia contrastada do estômago evidenciando distensão gástrica e dificuldade de esvaziamento caracterizando o sinal do “rabo do rato”.

A ultrassonografia revelou músculo pilórico hipoecóico com 5 mm de espessura. Com base nesses achados foi estabelecido o diagnóstico de Estenose Hipertrófica de Piloro (EHP) e foi realizada a piloromiotomia (Figura 3).

Figura 3- Representação esquemática da EHP.

A EHP é uma causa comum de vômitos nos lactentes. O sinal de Caterpillar é um achado característico na radiografia simples de abdômen em posição supina e aparece como uma bolsa isolada de ar com contrações peristálticas, o que sugere uma obstrução da passagem do conteúdo gástrico para o duodeno. Embora o diagnóstico de EHP baseia-se no exame ultrassonográfico na maioria dos casos, o sinal de Caterpillar é útil como provável suspeita de EHP.

Referências Bibliográficas

1-   J Pediatr 2019;208:292.

Relato de Caso: Obscure Gastrointestinal Bleeding Secondary of Diffuse Gastric Heterotopia in the Proximal Jejunum

 

Prof. Dr. Ulysses Fagundes Neto

O número Setembro de 2019, da tradicional revista Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, traz um relato de caso intitulado “Obscure Gastrointestinal Bleeding Secondary o Diffuse Gastric Heterotopia in the Proximal Jejunum de autoria de Shab A. A. e cols., que a seguir passo a resumir.

Paciente do sexo feminino, 7 anos de idade, apresentava história prévia de uma prega jejunal que havia sido ressecada no período neonatal, no presente momento apresentava queixa de dispneia e letargia. Hemoglobina: 2,3g/dl; volume corpuscular médio: 59 fL e ferro sérico: 11ug/dl. A anemia persistiu a despeito de suplementação com ferro.

Estudo radiológico contrastado do intestino delgado, endoscopia digestiva alta e colonoscopia revelaram-se normais. Enterografia com ressonância magnética mostrou espessamento jejunal proximal. Exames com cápsula endoscópica e enteroscopia, exibiram edema e ulceração jejunais; biópsias jejunais evidenciaram mucosa normal entremeada com epitélio gástrico (Figura 1).



Investigação para divertículo Meckel revelou mucosa gástrica ectópica ao longo de todo abdômen médio (Figura 2).


A laparotomia associada a enteroscopia intraoperatória, resultou em ressecção jejunal de 25cm, distando 20cm do ligamento Treitz (Figura 3).



Estudo anatomopatológico evidenciou heterotopia gástrica polipoide multifocal com gastroplastia reacional e hemorragia focal.

Etiologias de sangramentos gastrointestinais obscuros, incluem mucosa gástrica ectópica como a observado no divertículo de Meckel ou cistos duplicados. O típico divertículo de Meckel é geralmente assintomático ou se apresenta como sangramento retal indolor antes dos 2 anos de vida. A presente paciente desenvolveu uma grave anemia ferropriva refratária ao tratamento com ferro, devido a uma heterotopia gástrica difusa no jejuno proximal. Após a intervenção cirúrgica a paciente tornou-se assintomática com níveis estáveis de hemoglobulina pelos próximos dois anos.

Referência Bibliográfica          

1-   JPGN 2019;69:3.

Relato de Caso: Pyoderma Gangrenosum of the Finger Associated with Pediatric Ulcerative Colitis

 Prof. Dr. Ulysses Fagundes Neto

O número Setembro de 2019, da tradicional revista Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, traz um relato de caso intitulado “Pyoderma Gangrenosum of the Finger Associated with Pediatric Ulcerative Colitis de autoria de Shinagawa M. e cols., que a seguir passo a resumir.

Paciente do sexo masculino, 18 anos de idade, portador de Colite Ulcerativa (CU) em remissão, em tratamento com mezalamina e azatioprina, desenvolveu eritema e edema no seu dedo anular durante atividade de capinação. Ele foi atendido no serviço 7 dias após o acidente apresentando abscesso, ulceração e febre alta. Foi instituído tratamento com cefazidini IV, durante 3 dias sem sucesso. A cultura do material purulento foi positiva para Estafilococus áureos sensível a cefazidini. O edema agravou-se a despeito de uma drenagem incisional com debridamento e introdução de vancomicina IV (Figura 1).



Foi realizada a colonoscopia em virtude do agravamento da diarreia, a qual confirmou a recidiva da CU (Figura 2).



Levantou-se a suspeita de pioderma gangrenoso (PG) e introduziu-se tratamento com Tacrolimus por via oral. A biópsia do dedo revelou alterações inflamatórias exibindo infiltrado composto por neutrófilos e linfócitos, compatível com PG. O tratamento com Tacrolimus resultou em remissão clínica, tanto da CU quanto da PG após 2 semanas. PG é incomum na infância e afeta principalmente os membros inferiores (Figura 3).

Figura 3- Lesão ulcerosa típica de PG na perna.

Casos envolvendo a mão, são extremamente raros. A dificuldade do diagnóstico de PG na mão causou retardo no tratamento. Amputação faz-se necessária em cerca de metade dos casos relatados. No presente caso, o tratamento da CU regrediu a PG. Consequentemente, a PG deve ser considerada quando se desenvolve um abcesso na pele em pacientes com CU, a despeito da natureza da lesão.           

Referência Bibliográfica         

1-      JPGN 2019;69:3.