Isabela Mazzei e Ulysses Fagundes Neto
A
realização do estudo do trânsito intestinal permite visualizar alças
intestinais dilatadas e lentidão na progressão do contraste (Figura
2).
Trânsito
intestinal
Figura
2- Trânsito intestinal demonstrando alças do intestino delgado dilatadas na
ausência de estenose e lentidão na progressão do contraste em um caso de POIC.
Vícios
de rotação do intestino delgado principalmente em menores de 1 ano também podem
ser caracterizados pelo estudo do trânsito intestinal.
Tomografia: este tipo de investigação de imagem também pode
auxiliar na caracterização da POIC (Figura 3).
Figura
3- Imagem tomográfica das alças intestinais extremamente dilatadas. Ao lado
fragmento de intestino delgado de aspecto hipotônico e dilatado, obtido por
biópsia cirúrgica, de um paciente portador de POIC.
Diagnóstico histológico: pode ser realizado por meio da biópsia profunda do intestino delgado e do
cólon em microscopia óptica comum. O estudo pode ser complementado com a
técnica da imuno-histoquímica e do estudo ultraestrutural que permite
distinguir as formas miopáticas das neuropáticas. Deve-se também buscar
possíveis anormalidades nas células intersticiais de Cajal.
Outros testes diagnósticos: há alguns
outros testes diagnósticos que podem auxiliar no complemento da avaliação
laboratorial da POIC, a saber:
Eletrogastrografia
– demonstra ausência de frequência dominante, permitindo diferenciar as formas
miopáticas das neuropáticas.
Manometria
antroduodenal – diferentes amplitudes diferenciam as formas neuropáticas e miopáticas.
Este
trabalho retrospectivo buscou avaliar a eficácia da manometria esofágica,
antroduodenal e anorretal associada à cintilografia do esvaziamento gástrico.
A
manometria esofágica revelou-se alterada em 73% dos casos sendo que 51% deles
apresentaram-se com comprometimento grave que se relacionou com a necessidade da
indicação da nutrição parenteral. Por outro lado, a manometria anorretal mostrou-se
alterada em 59% dos casos e somente em 17% deles foram detectadas alterações graves.
Tratamento
O
tratamento da POIC requer a formação de uma equipe multidisciplinar envolvendo
diferentes profissionais da área da saúde, tais como, gastropediatra, cirurgião
pediátrico, nutricionista, enfermeira e psicólogo entre outros.
Terapia nutricional
O
tratamento da condição nutricional torna-se prioritário, posto que a imensa
maioria dos pacientes apresenta grave comprometimento do seu estado
nutricional.
Aqueles
pacientes que possuem alguma motilidade intestinal podem se beneficiar de
refeições líquidas contendo pequenos volumes. É
praticamente necessária a utilização de suplementos nutricionais e, muitas
vezes, a Nutrição Enteral pode ser tentada nos pacientes com acometimento do
estômago e duodeno, pois este procedimento oferece menor número de complicações
em relação à nutrição parenteral.
A Nutrição
Parenteral está indicada quando o acometimento do trato digestivo é mais
extenso, mesmo tendo em mente que o risco de um grande número de complicações
pode ocorrer, e, dependendo das condições técnicas de infraestrutura do serviço
médico, este risco pode variar de 20 a 60% dos casos.
Tratamento farmacológico: um
dos pilares do tratamento farmacológico baseia-se na utilização dos
medicamentos pró-cinéticos, abaixo discriminados:
-
Cisaprida
-
Eritromicina
-
Octreotidio
-
Tegaserode
Cisaprida
Este
fármaco aumenta a motilidade antroduodenal e a tolerância à alimentação enteral.
Trata-se de um eficaz agonista do receptor de serotonina, porém, devido aos
seus potenciais efeitos colaterais indesejáveis foi retirada do mercado em
alguns países por toxicidade cardíaca.
Eritromicina
Este
antibiótico tradicional tem por função mimetizar a motilina, e deve ser
utilizado em dose subantibiótica, porém, nos estados graves de gastroparesia altas
doses fazem-se necessárias.
Octreotideo
Trata-se
do procinético mais potente disponível atualmente, é análogo da somatostatina. Estimula
a motilidade do intestino delgado, inibe o esvaziamento gástrico e a contratilidade
da vesicula biliar. Também apresenta algum benefício no tratamento do sobrecrescimento
bacteriano em adultos.
Tegaserode
Apresenta
ação semelhante à da cisaprida, pois também é um agonista parcial do receptor
de serotonina, utilizado no tratamento da constipação em adultos. Apresenta efeitos
colaterais e cardiotoxicidade.
Prucalopride
Trata-se
de um fármaco recentemente disponível indicado para tratamento de constipação
em mulheres, não há suficiente conhecimento sobre sua eficácia na POIC.
Tratamento
farmacológico auxiliar
Antimicrobianos
-
Antibióticos e antifúngicos em ciclos variáveis
Antidepressivos triciclicos e gabapentina
Neuromoduladores
Tratamento
cirúrgico: (Figura 4)
Jejunostomia ou enterostomia: redução da
distensão e dos vômitos.
Ressecções
nos casos de distensão segmentar.
Transplante intestinal.
Figura
4- A- Aspecto do colon dilatado durante a cirurgia; B- espécimen do colon
submetido à colectomia sub-total com perda das haustras colônicas.
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