terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Esofagite Eosinofílica: uma entidade clínica recentemente reconhecida em evidente expansão mundial (3)

Manifestações Clínicas
EE
possui inúmeras diferentes formas de apresentação, a saber: os pacientes comumente têm dificuldade para se alimentar, “failure to thrive”, vômitos, dor epigástrica ou torácica, disfagia e impactação do alimento. Recusa alimentar ou intolerância aos alimentos é um sintoma comum da EE, em especial entre os lactentes, os quais, devido à tenra idade, não são capazes de relatar os sintomas. As crianças maiores freqüentemente apresentam sintomas similares à DRGE, que incluem regurgitação e queimação retro-esternal, muito embora as estimativas variem consideravelmente entre os relatos disponíveis na literatura, de 5 a 82%. Vômitos (8 a 100%) e dor abdominal (5 a 68%) também têm sido relatados, bem como disfagia (16 a 100%) e impactação dos alimentos (10 a 50%). Todos estes sintomas tendem a se agravar com o avançar da idade.
História Natural
EE apresenta a nítida tendência de ser uma enfermidade crônica cujos sintomas são persistentes ou recidivantes. Estes sintomas costumam ocorrer em ordem progressiva, desde a infância até a vida adulta. Os adultos tipicamente sofrem de disfagia recorrente e impactação dos alimentos, as quais são refratárias ao tratamento com drogas anti-refluxo; na verdade, estudos recentes indicam que de 10 a 50% dos pacientes adultos do sexo masculino que apresentam este tipo de sintomatologia sofrem de EE. Embora uma estenose em local bem definido do esôfago possa ser responsável pela disfagia e pela impactação da comida observadas em alguns pacientes com EE, há evidencias de que o esôfago demonstra um defeito da função do músculo liso, à semelhança de uma falta de sincronismo de contração entre a camada muscular circular e a longitudinal durante a deglutição, a qual discutirei com maior riqueza de detalhes em outra oportunidade.

Liacouras e cols. (Clin. Gastroenterol Hepatol 2005;3:11961206) foram responsáveis por descrever o maior estudo longitudinal abrangendo 381 crianças com EE (66% meninos, idade média 9 anos). A grande maioria deles apresentava sintomas da DRGE refratária ao tratamento de supressão ácida ou disfagia. A radiologia contrastada do trato digestivo superior demonstrou estreitamento esofágico em 6% das crianças. A endoscopia evidenciou a presença de anéis (Figura 1) em 12%, e 1 paciente requereu o emprego de dilatação esofágica.

Figura 1- Achados endoscópicos associados a EE: na foto à esquerda nota-se a formação de anéis circulares na mucosa esofágica dando idéia de contrações transitórias ou de estruturas fixas. Este tipo de aparência é também denominada traqueização do esôfago; na foto à direita podem ser observados exudatos esbranquiçados sobre a mucosa esofágica. Estes achados representam pústulas eosinofílicas que emergem através do epitélio esofágico.

Em um subgrupo de pacientes, tratamento clínico com corticosteróides sistêmicos induziu remissão clínico-patológica em todos os pacientes exceto em 1 deles. Tratamento tópico com fluticasone foi utilizado com sucesso em 52% dos pacientes, porém 2 deles desenvolveram candidíase. Após a suspensão do tratamento clínico, porém, a maioria dos pacientes apresentou recidiva dos sintomas e eosinofilia esofágica (Figura 2).

Figura 2- Micro-abscesso eosinofílico visualizado em campo de menor aumento recobrindo a superfície epitelial do esôfago.

Tratamento dietético na forma de restrições alimentares específicas ou emprego de fórmula à base de mistura de aminoácidos mostrou-se altamente eficaz para a indução e manutenção da remissão dos sintomas (97,6% mostraram resposta clínico-patológica positiva). O estudo radiológico contrastado do esôfago normalizou-se em 21 dos 22 pacientes que apresentavam estenose esofágica.
É importante ressaltar que a EE não parece ser um fator causal que limita a expectativa de vida dos pacientes. Metaplasia esofágica, potencial causa de adenocarcinoma esofágico, nunca foi, até o presente momento, relatada em pacientes portadores de EE, mesmo em adultos que sofrem de doença grave. EE não é uma enfermidade caracterizada por ulceração ou destruição da mucosa. Portanto, tudo indica que a base do processo patológico da EE difere daquela da DRGE, e que, o adenocarcinoma ou o câncer escamoso do esôfago não fazem parte do espectro da EE.

No nosso próximo encontro seguirei discutindo outros tópicos de interesse desta enfermidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

meu filho fez exames de sangue por causa da alergia a ptn do leite, ovo, peixes, corante, e no hemograma dos dois exames feitos comintervalo de quatro meses os eosinófilos estavamalterados, ele tem RGE, teve disfagia, tem vômitos e diarréias com certa frequencia, passa por períodos em que se alimenta bem, preíodos que não comoe bem, tem vômitos (jatos de comida)e episódios de diarréia ( evacua de 6 a 8 vezes por dia) perda de peso ( vive em uma balança, perde e ganha)os alimentos saem inteiros nas fezes, apresantando muco em algumas vezes, já fez pneumonia por bronco aspiração durante um engasgo, durante o sono fazia muita apnéia e sua resiração era alta, parecendo sempre haver secreção entre nariz e garganta, os médicos dizem que esses sintomais são normais em crianças até os 5 anos, tenho três filhos com o caçula que apresante esses sintomas e os outros não tiveram nada disso, ele nasceu prematuro de 36 semanas, nasceu parado e teve que ser reamnimado ao nascer, ficou entubado por sete dias efez uso de duas doses de surfactante, fez similar convulsivo e afundou com anticonvulsivante (dose recomendada para idade)muito edemaciado, preciso de sonda pois os rins não funcionavam corretamente, fez uso de cefepine, vancomicina por 20 dias, NPT por 15 dias e aleitamento materno até a da da de hoje (DOIS ANOS E CINCO MESES)quando come alguma coisa de dá reaçao ele faz dermatite nos ombro e pescoço. Desde quando tirei o leite de minha alimentação (janeiro de 2011) não fez mais nenhum epsódio de bronquite, broncoespasmo, sinusite e pneumonia, nem uma coriza, faz uso de neocate e começo agora com TCM, observei que as fezes depois do inicio do TCM ficaram mais sólidas e diminuíram a quantidade e as vezes em que evacua por dia, (15 dias de tramento de 6 para 3 no máximo e uma no mínimo), pr favor me ajude!!