Prof. Dr. Ulysses Fagundes Neto
O número de abril
de 2020, da tradicional revista Journal of Pediatric Gastroenterology and
Nutrition, traz um Relato de Caso intitulado “Appearance of Gastric
Polypoid Lesions in Eosinophilic Gastroenteritis” de autoria de Mizuo
A. e cols., que
a seguir passo a resumir.
Menino de 10 anos de idade foi referido ao hospital com história clínica de gastroenteropatia perdedora de proteínas associada a vômitos persistentes, com 1 mês de duração. Além disso, o paciente referia história prévia de diarreia e anemia havia 4 anos e, há 3 anos, história de hipoalbuminemia. Pesquisa de antígeno fecal de H. pylori resultou negativa.
No
momento da internação, os exames laboratoriais revelaram leucopenia (4.100 mm3)
com eosinófilopenia (164 mm3) e IgE elevada (1.793 IU/ml). Foi realizada
endoscopia digestiva alta que revelou múltiplas lesões polipoides avermelhadas
recobertas por muco esbranquiçado na região pilórica (Figura 1A).
Foi
realizada colonoscopia que revelou lesões aftosas e eritema difuso na mucosa
colônica. O exame histológico das amostras de biópsias obtidas das lesões
polipoides gástricas, revelaram infiltração eosinofílica. O teste de H. pylori
revelou-se negativo, bem como as glândulas císticas não se encontravam
dilatadas, como são frequentemente observadas nos pólipos juvenis, e, também,
não havia bandas de colágeno como se observa na gastrite colágena e nem tão
pouco alterações neoplásicas. (Figura 2A e B).
Embora
os achados endoscópicos na Gastroenterite Eosinofílica costumam ser geralmente
variáveis, assemelhando-se tanto a uma mucosa normal ou a outros tipos de
gastrenterites, este caso revelou-se o primeiro achado endoscópico de lesões
polipoides gástricas muito semelhantemente associadas com inflamação crônica
decorrente da Gastroenterite Eosinofílica. Os medicamentos utilizados
resultaram eficazes como uma alternativa ao uso dos esteroides. O aspecto das
lesões polipoides gástricas associadas aos sintomas clínicos tudo indica ser a comprovação
de um caso de Gastroenterite Eosinofílica.
Meus
Comentários
Trata-se
de um interessante e incomum relato de caso se apresentando como supostamente
de Enteropatia Perdedora de Proteínas. Os dados clínicos e laboratoriais
apresentados nos levam nesta direção, porém, não há objetivamente a
demonstração da perda proteica fecal. Na minha opinião deveria ter sido
realizada a determinação fecal da alfa 1 anti-tripsina para a confirmação
diagnóstica de certeza, posto que se trata de um exame de fácil acesso aos
laboratórios e de grande acurácia.
Referências
Bibliográficas
1- Mizuo A e cols. - JPGN 2020; 70:84.
2- Teng X e cols. – Fetal Pediatr Pathol 2013;32:276-83.
3-
Reed
C e cols. – Dig Liver Dis 2015;47:197-201.
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