Walkyria
Maria Fagundes1, Ygor Lopes1 e
Ulysses Fagundes Neto
Neste
texto optamos por tratar de um tema extremamente interessante e atual, a Kombucha. Esta novidade, aprendemos
durante nossa viagem de especialização1 recentemente realizada à
Espanha, mais precisamente no setor de pesquisa e desenvolvimento do
restaurante Nerua Guggenheim Bilbao*, no País Basco. No presente momento,
conseguimos desenvolver três tipos com diferentes sabores de Kombucha e já estamos fazendo testes
com outras variedades.
Figura
1- Parte da produção da UI Cuisine.
No
entanto uma pergunta inicial se impõe, afinal, o que é e de onde veio a Kombucha? É uma bebida probiótica,
originalmente derivada de chás e infusões, levemente doce e ácida, gerada pela
transformação do açúcar em ácido acético, processo de fermentação, por uma
simbiose (SCOBY) de bactéria e levedura. Os primeiros registros da Kombucha são por volta de 220 AC, na
Ásia. Entretanto, apenas por volta de 414 DC, o físico Kombu levou a bebida ao Japão, com o objetivo de prevenir problemas
do sistema digestivo do imperador Inkyo.
O
que é SCOBY (Symbiotic Culture of Bacteria and Yeast)? Trata-se de uma estrutura
multicelular, que no caso é formada por acetobactérias, gluconacetobacterias e
leveduras (Saccharomyces e Zaygosaccharomyces), as quais possuem
uma relação de benefício mútuo. A levedura desenvolve uma reação química
entre sacarose (açúcar comum) e água gerando gás carbônico e álcool. A
bactéria, por sua vez, utiliza esses produtos para produzir oxigênio e ácido
acético.
Figura
2- Esquema prático da produção do SCOBY
Quais são as vantagens de beber Kombucha
Além
de ser uma bebida desintoxicante e energizante, ela é supostamente considerada
eficaz como coadjuvante no tratamento de diversas síndromes que afetam os seres
humanos. Por outro lado, não há, até o presente momento, comprovações
científicas definitivas a respeito desta potencial eficácia para todas as
situações propostas, porém sabe-se que não existem quaisquer contraindicações
ao seu uso, nem tão pouco há descrições da ocorrência de efeitos colaterais
indesejáveis. Ainda assim, admite-se que os probióticos apresentam benefícios
para uma série de situações clínicas que envolvem o trato digestivo.
Como fazer uma Kombucha
Primeiramente
é necessário ter uma Kombucha
inicial, o que chamamos de starter ou
mother. Hoje em dia é muito fácil
encontrar uma, há quem venda pela internet ou quem não se incomoda em
doar. O meio mais rápido de desenvolvimento da Kombucha é o chá preto ou vermelho, pois ambos possuem um tanino
mais desenvolvido que catalisa as reações do SCOBY, ou seja, é sempre aconselhável começar por uma dessas
opções. Como foi dito anteriormente, a sacarose é um dos elementos
indispensáveis para o processo químico. Tendo em vista que o chá não possui
açúcar, é necessário adicioná-lo (120gr para cada litro de solução). Uma vez
que o chá esteja pronto, adoçado e à temperatura ambiente (não pode passar de
35°C, caso contrário o starter pode
morrer), adiciona-se o SCOBY (100g
para cada litro, sendo 50g da estrutura multicelular e 50g de líquido já
fermentado). Agora, é só cobrir o recipiente com um pano para que esteja
protegido e permita a passagem de oxigênio. Deve-se deixar incubando à
temperatura ambiente por alguns dias (de 7 a 10 dias) até alcançar o ponto de
acidez desejado. Nesta ocasião, separa-se a estrutura multicelular e uma
porção do líquido fermentado (o que veria a ser o starter de uma próxima Kombucha)
e, quanto ao líquido restante há duas alternativas possíveis, a saber: 1)
pasteurizar aquecendo-o; e 2) engarrafá-lo sem pasteurizar e guardá-lo no
refrigerador. Nesse último caso, a reação da levedura continuará lentamente,
mas por falta de oxigênio a bactéria não consumirá o álcool e o gás carbônico,
ou seja, obter-se-á uma bebida levemente alcoólica (de 0,5% a 1,0%) e gasosa.
Figura
3- Etapas esquemáticas da produção da Kombucha
Problemas que podem ocorrer
1- A
bebida está muito doce: nesse caso, faltou tempo de fermentação. Da próxima vez
prolongue este processo. A fermentação é mais rápida em dias quentes e mais
lenta em dias frios.
2- A
bebida está muito ácida: nesse caso, ocorreu um excesso de fermentação. Da
próxima vez deixe menos tempo.
3- O
SCOBY afundou: em alguns casos isso
pode acontecer, porém, usualmente depois de algum tempo ele sobe e flutua, ou
então, um novo SCOBY se desenvolve. Caso
nenhuma das duas opções acontecer, provavelmente seu starter estava morto e não tem mais utilidade, portanto deve ser
desprezado.
Conclusões
Do
acima exposto se depreende que desenvolver um probiótico doméstico é
extremamente fácil e barato. Desta forma seguindo esta conduta poder-se-á ter
no domicílio por tempo prolongado um probiótico sem a necessidade de se
despender gastos na compra de probióticos produzidos e vendidos pela indústria
farmacêutica.
PS-
Para maiores informações sobre este tema e quaisquer outros relacionados à
gastronomia consulte o site abaixo
2 comentários:
Muito bom encontrar um blogue de um gastro que aprova o kombucha. Isso me anima ainda mais a ter o meu. Grata.
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