terça-feira, 5 de abril de 2016

Minha História de vida e minha História vivida na EPM/UNIFESP (48)

1- A consolidação da tradição em Pesquisa, Produção e Divulgação do Conhecimento, Ensino e a sólida formação de Especialistas em Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria (parte 4)

1.1- O enorme êxito da implantação da Pós-Graduação sentido estrito, Mestrado e Doutorado, na Pediatria

A implantação da Pós-Graduação no Brasil, a partir do início dos anos 1970, trouxe uma inestimável contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico nos mais variados campos do saber. A EPM imediatamente se viu sensibilizada e motivada a adotar este modelo acadêmico, que visa a excelência na formação docente para o ensino e a pesquisa, de forma efetiva com a criação de programas específicos de acordo com as características da cada área de atuação. Inicialmente, os primeiros programas foram criados nas áreas das Ciências Básicas, tendo como principais idealizadores os Professores Ribeiro do Vale (Farmacologia) e Leal Prado (Bioquímica). Rapidamente, porém, esta iniciativa contagiou também as áreas Clínicas e Cirúrgicas dando lugar à criação de um vasto número de programas específicos ligados às diversas especialidades médicas. No caso da Pediatria, pela sua característica de atuação primordialmente generalista, até então, deu-se preferência pela organização de um programa abrangente envolvendo de forma unificada todas as super-especialidades componentes do Departamento Acadêmico, decisão que tem perdurado até os dias atuais.

Os cursos de Pós-Graduação em Pediatria, Mestrado e Doutorado, tiveram sua solicitação de credenciamento aprovada por unanimidade, em sessão plena, pelo Conselho Federal de Educação em 5/12/1980. O curso de Pós-Graduação da EPM foi um dos pioneiros do país a oferecer em Pediatria esta modalidade de ensino-pesquisa, e que ao longo dos anos, tornou-se uma referência de excelência de qualidade nacional e internacional.

Em virtude das minhas estreitas ligações com a área de Ciências Básicas, no caso a Microbiologia, desde que eu havia retornado de Buenos-Aires, em 1974, tornei-me um grande entusiasta desta modalidade de formação acadêmica, assim que travei contato com a mesma, a qual já estava em pleno funcionamento naquela Disciplina. Foi por esta razão que, como a Pós-Graduação na Pediatria ainda não estava em vigor, fui convidado pelo Dr. José Vicente Martins Campos, que se tornou meu orientador, a inscrever-me no curso de Mestrado do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas em Gastroenterologia (IBEPEGE), o que aceitei de imediato, pois o IBEPEGE havia sido credenciado pelo MEC para oferecer o curso em nível de Mestrado. Rapidamente realizei os créditos teóricos e desenvolvi a tese de Mestrado intitulada “AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNCIONAL DO INTESTINO DELGADO EM MARASMÁTICOS “ a qual, em abril de 1977, foi submetida a apreciação da banca examinadora e recebeu aprovação com nota 10,0. Aliás, em maio deste mesmo ano defendi também a tese de Doutoramento (modelo tradicional anterior à vigência da Pós-Graduação) no Departamento de Pediatria da EPM intitulada “AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS ÍNDIAS DO ALTO XINGÚ “, a qual também foi aprovada pela banca examinadora com nota 10,0. Com estas credenciais e acrescido do Pós-Doutoramento realizado nos Estados Unidos em 1977-78 e a apresentação da tese de Doutorado intitulada “ABSORÇÃO DE MACROMOLÉCULAS INTACTAS PELO JEJUNO DE RATOS IN VIVO: INFLUÊNCIA DOS SAIS BILIARES TAUROCOLATO, COLATO E DEOXICOLATO “ no programa de Doutorado da Disciplina de Gastroenterologia da EPM, em agosto de 1979, também aprovada com nota 10,0, recebi o credenciamento para me tornar oficialmente Professor Orientador do Curso de Pós-Graduação em Pediatria da EPM.

Considerando que nossa Disciplina já oferecia um programa de Especialização de 1 ou 2 anos, e que se encontrava devidamente consolidado desde meados da década de 1970, o advento da Pós-Graduação sentido estrito foi automaticamente incorporado às nossas atividades de ensino-pesquisa-extensão. A demanda de candidatos oriundos dos mais diversos locais do nosso país aumentou de forma exponencial, e este fato nos obrigou a estabelecer algumas regras elementares para que pudéssemos absorver estes potenciais candidatos. A regra básica foi a necessidade de o candidato cumprir obrigatoriamente um estágio probatório de 1 ano de duração dentro do programa de Especialização. Caso o candidato tivesse tido um aproveitamento considerado satisfatório e desejasse ingressar no programa da Pós-Graduação, deveria inicialmente se inscrever no curso de Mestrado e somente após terminar o mesmo, e caso ainda desejasse seguir adiante estaria em condições de fazer a inscrição no curso de Doutorado.

O êxito deste projeto foi incontestável levando à formação acadêmica de um vastíssimo número de profissionais da saúde, e ao mesmo tempo uma enorme contribuição para a produção e a divulgação dos novos conhecimentos conquistados. Para comprovar esta minha assertiva abaixo seguem os alunos de Pós-Graduação por mim orientados e seus respectivos trabalhos de tese produzidos, submetidos às bancas examinadoras e aprovados.

Teses de Mestrado

1.       Janaína Guilhem Muniz. Predisposição genética para DC - doadores de sangue SP/BR. 2014. Procedência: COLSAN – Destino: COLSAN

2.       Renata Vigliar. Perfil Bioquímico da Água de côco da Região Noroeste do Estado de Goiás - Brasil. 2005. Procedência: EPM – Destino: EPM
  
3.       Ricardo Palmero Oliveira. Prevalência da Doença Celíaca em Candidatos à Doadores de Sangue em São Paulo -Brasil. 2005. Procedência: EPM – Destino: EPM

4.       Letícia Helena Caldas Lopes. Densidade Mineral óssea de crianças e Adolescentes com doença inflamatória intestinal. 2004.

5.       Dulcemara Machado Dedino. Cartografando pensamentos de Médicos, pais e crianças durante procedimentos na Gastropediatria. Procedência: PUC – Destino: PUC
  
6.       Norys Josefina Diaz. Características clínicas e histológicas da mucosa retal de pacientes menores de seis meses com enterorragia por alergia às proteínas do leite de vaca. 1999. Procedência: Barquecimeto, Venezuela – Destino: UNISA, SP
  
7.       Jairo César dos Reis. Teste do H2 no ar expirado na avaliação de absorção de lactose e supercrescimento bacteriano no intestino delgado de escolares. 1998. Procedência: Marília – Destino: UNIMAR, Marília 

Figura 1- Uma das inúmeras reuniões festivas que realizámos na nossa Disciplina. Na ocasião inclusive com convidados de outras instituições com Alfredo Zepeda (Londrina) e Jaime Salazar de Sousa (Lisboa).        Jairo                              Ana Amélia


8.       Christiane Araújo Chaves Leite. Aspectos funcionais, microbiológicos e morfológicos do intestino de crianças HIV positivas. 1997. Procedência: Fortaleza, CE – Destino: Docente UFC, CE
  
9.       Cleide de Holanda Fernandes. Fatores de risco associados à persistência da diarreia por Escherichia coli enteropatogênica clássica - EPEC. 1997. Procedência: São Luís, MA – Destino: São Luís

10.   Célia Regina Moreira. Intolerância à lactose em lactentes hospitalizados com diarreia aguda por Escherichia coli enteropatogênica clássica. 1996. Procedência: Universidade Federal de Santa Catarina - Destino: Doutorado UNIFESP
  
11.   Sandra de Martini Costa. Ultraestrutura do intestino delgado na diarreia persistente. 1996. Procedência: EPM – Destino: São Paulo

12.   Rose Terezinha Marcelino. Teste do H2 no ar expirado no diagnóstico do sobrecrescimento bacteriano do intestino delgado. 1995. Procedência: Joinville, SC – Destino: Joinville
  
13.   Jacy Alves Braga de Andrade. Letalidade em lactentes com diarreia persistente: fatores de risco associados ao óbito. 1995. Procedência: São Paulo, SP – Destino: São Paulo

14.      Carlos Alberto Garcia Oliva. Diarreia aguda associada à Escherichia coli enteropatogênica clássica: estudo clínico e metabólico. 1994. Procedência: Hospital Umberto I, São Paulo – Destino: EPM


Figura 2- A tradicional visita clínica semanal realizada com os médicos residentes e seus preceptores Garcia (camisa vermelha) e Jairo (camisa branca) sentados no banco e eu ao centro, no Hospital Umberto I.

15.   Jacira Omena Torres de Oliveira. Mortalidade em crianças hospitalizadas com diarreia aguda: fatores de risco associados ao óbito. 1994. Procedência: Maceió, AL – Destino: Maceió

16.   Domingos Palma. Diarreia aguda: perdas hídricas fecais em lactentes hospitalizados e sua correlação. 1993. Procedência: Hospital Umberto I, São Paulo – Destino: Docente EPM

17.   Ana Amélia Pontes de Camargo. Transporte transepitelial de água, de sódio e de glicose da água do coco em alças jejunais de ratos submetidos à perfusão in vivo nos diferentes estágios do processo de maturação do fruto. 1992. Procedência: Catanduva, SP - Destino: Catanduva

18.   Lenora Gandolfi Schimitz. Diarreia aguda em Brasília: estudo etiológico. 1991. Procedência: Brasília, DF – Destino: Docente Universidade de Brasília

19.   Aristides Schier da Cruz. Proliferação bacteriana no intestino delgado de lactentes portadores de diarreia aguda e protraída: introdução de técnica simples e rápida de intubação nasoduodenal para coleta de fluído do intestino delgado. 1991. Procedência: Curitiba, PR – Destino: Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba

20.   Rosa Helena Porto Gusmão. Enteropatia ambiental: estudo ultraestrutural da mucosa jejunal de crianças assintomáticas. 1990. Procedência: Belém, PA – Destino: Docente UFP, Belém 

21.               Maria Ceci do Vale Martins. Enteropatia ambiental: alterações funcionais e morfológicas da mucosa jejunal, decorrentes do ambiente desfavorável. 1988. Procedência: Fortaleza, CE – Destino: Hospital Albert Sabin, Fortaleza

Figura 3- Maria Ceci à esquerda e Rosa Helena.

22.   Fátima Maria Lindoso da Silva. Curvas comparativas de crescimento pondero-estatural de lactentes de alto nível sócio-econômico e em aleitamento natural e artificial no primeiro ano de vida. 1988. Procedência: Recife, PE – Destino: Docente UFG, Goiânia

23.   Marly de Almeida Pedra. Diarreia aguda: agentes enteropatogênicos, morfologia intestinal e tolerância alimentar. 1986. Procedência: PUC Salvador, BA - Destino: São Paulo

24.   Elisabete Kawakami. Refluxo gastro-esofágico na infância - características clínicas e avaliação de diferentes métodos diagnósticos. 1985. Procedência: EPM – Destino: Docente EPM

25.   Maria Fernanda Branco de Almeida. Detecção sorológica de anticorpos e proteínas do leite de vaca e soja. Tentativa de padronização metodológica por precipitação de gel de ágar e hemaglutinação passiva. 1985. Procedência: EPM – Destino: Docente EPM

26.   Tania Viaro. Observações médico-sociais em comunidade de favelados: aspectos clínicos e nutricionais evolutivos em crianças no primeiro ano de vida. 1985. Procedência: Faculdade de Medicina Fundação ABC, Santo André, SP – Destino: Santo André


27.      Mauro Batista de Morais. Capacidade de absorção da D-xilose em duas comunidades brasileiras: crianças da periferia da cidade de São Paulo e crianças índias do alto Xingu. 1982. Procedência: EPM – Destino: Docente EPM

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