A história da realização de um Pós-Doutorado no North Shore University Hospital, Cornell University, Nova Iorque: pessoal e científica
Parque Indígena do Xingu (PIX)
O Alto Xingu: clima,
agricultura e pesca
Há
duas estações climáticas nitidamente distinguíveis na região do Alto Xingu:
inverno, ou estação das chuvas, que se estende de outubro a março, e, verão, ou
estação da seca, de abril a setembro.
A
partir de outubro, com a chegada das primeiras chuvas, que desta época até o
final do inverno são praticamente diárias, as águas dos rios começam a subir
cobrindo as praias e invadindo suas margens mais baixas (Figura 1).
Figura
1- Época inicial das chuvas, as áreas ribeirinhas sendo invadidas.
Os
meses de fevereiro e março caracterizam-se pelas grandes enchentes, os rios
transbordam e suas águas ocupam as matas marginais (Figura 2).
Figura
2- Época do apogeu das chuvas, as águas invadiram as matas circunvizinhas ao
rio.
A
partir de abril as chuvas começam a diminuir de intensidade e frequência,
prenunciando o começo do período da seca. Os rios, gradativamente, voltam a
ocupar seus cursos naturais e as praias vão, pouco a pouco, reaparecendo;
pequenos lagos são, então, formados nas terras baixas que beiram os rios,
aprisionando peixes, o que facilita sobremaneira a pesca (Figura 3-4).
Figura
3- Época inicial do verão, as águas começam a baixar e já se vislumbra a formação
das praias.
Figura
4- Época de pleno verão, as praias totalmente formadas, momento propício para
os tracajás desovarem.
No
mês de setembro, portanto, já no fim do verão, os tracajás saem à noite paras
as praias onde cavam e botam seus ovos, que são muito apreciados pelos nativos.
Os
índios têm agricultura extensiva e itinerante cujo produto principal é a
mandioca (Manhiot utilíssima), que
fornece os nutrientes de fundamental importância para a preparação do beiju, o
qual é o produto básico fornecedor de carboidratos da alimentação do índio do
Alto Xingu. O cultivo da mandioca é realizado em roças individuais e o plantio é
feito no período de tempo que antecede à chegada das chuvas. As áreas mais
cobiçadas para a roça são as de terra preta, considerada mais férteis, e as de
mato limpo, isto é, coberta de mata alta e sem vegetação rasteira. Para a
abertura das roças os índios utilizam as técnicas de derrubada e da queimada. Trabalham
na limpeza da terra os homens residentes de uma mesma casa. Seis meses após o
plantio, as raízes estão prontas para ser arrancadas do solo, cujo procedimento
é atribuição das mulheres. Para extrair as raízes as mulheres utilizam um
pedaço de pau ou facão e a seguir carregam para as aldeias onde serão
devidamente processadas (Figura 5).
Figura
5- Época da colheita da mandioca.
A
pesca é a principal atividade de busca intencional de comida; ela ocorre
durante todo o ano, porém, tem seu apogeu no período da seca, posto que na época
das chuvas a tarefa se torna sobremaneira mais difícil. As técnicas utilizadas
são as mais variadas, podendo ser coletivas com uso do timbó (veneno específico
utilizado pelos índios), ou individuais com arco e flecha (Figura 6).
Figura
6- Cena típica da pesca com arco e flecha.
A
partir da década de 1970, à medida que o contato com nossa civilização foi se
estreitando foi introduzido o uso da linha e anzol, ainda que não
frequentemente. A técnica do timbó é a mais produtiva, pois este é um cipó
ictiotóxico, cujos feixes são amassados e lavados em água previamente
represada. Os peixes mortos pela ação do veneno, são colhidos e moqueados em
local próximo ao da pescaria. Esse tipo de pesca, que envolve a maioria dos
homens da aldeia é usualmente utilizado às vésperas de alguma festa que terá a participação
de um grande número de convidados (Figura 7).
Figura
7- Produto da pesca com timbó.
As
pescas com timbó ocorrem no verão, quando as águas dos rios começam a baixar e dão
lugar à formação de pequenas lagoas, facilitando o represamento de pequenas baías
e igarapés, possibilitando assim, o uso do timbó. Nesse período de maior
fartura de peixe é realizada a cerimônia mais importante da Cultura Xinguana, o
Quarup.
Quando
a pescaria é farta, o alimento excedente, em forma de peixe moqueado, fico
exposto no jirau, que está localizado no centro da oca, à disposição dos seus
moradores. Por outro lado, quando o alimento escasseia, o que ocorre principalmente
na época das chuvas, o peixe é ensopado e distribuído com beiju aos demais
moradores da oca.
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