Introdução
Em 2011, o Journal of
Pediatric Gastroenterology and Nutrition publicou a íntegra de um simpósio
realizado em Minneapolis, Minnesota intitulado “A 21st-Century approach to cystic fibrosis: optimizing outcomes across
the disease spectrum”, organizado por Joel R. Rosh, Arthur B. Atlas,
Willian F. Balistreri, David C. Whitcomb e Julie Messick, renomados experts
neste campo do conhecimento, para discutir aspectos de relevância para os
profissionais que dão assistência à saúde a pacientes portadores de Fibrose
Cística (FC). Foram abordados os aspectos de maior importância quanto ao
diagnóstico da FC, as complicações hepatobiliares, suas consequências e o
manejo da enfermidade pancreática. A seguir, passo a transcrever os tópicos de
maior interesse médico-científico discutidos no referido simpósio.
Visão geral da Fibrose
Cística
A FC é a doença genética
potencialmente fatal mais frequente nos caucasianos, e afeta aproximadamente 30
mil indivíduos nos Estados Unidos. A FC é uma enfermidade autossômica recessiva
causada por mutações em um gene do cromossoma 7. Este gene, que foi
identificado pela primeira vez em 1989, codifica a proteína reguladora
transmembranosa FC (CFTR) a qual funciona como um canal de monofosfato de adenosina
cíclico (cAMP)-cloro. A CFTR está localizada na membrana apical das células
epiteliais secretoras e absortivas pertencentes às vias respiratórias,
pâncreas, fígado, intestino, glândulas sudoríparas e vasos deferentes. Alguma lesão
neste gene encontra-se presente em praticamente todos os indivíduos que
apresentam a síndrome clínica da FC. A mutação mais comum, é a delta 508, e está
presente em mais de dois terços dos cromossomas da FC nos indivíduos, universalmente (Imagem 1).
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Atualmente, foram descritas
mais de 1.600 mutações do gene CFTR. Estas mutações foram organizadas em 6
classes de acordo com a disfunção das mutações do CFTR, na tentativa de
auxiliar a relação entre o genótipo e o fenótipo. Entretanto, em virtude do
grande número de mutações torna-se extremamente difícil predizer os efeitos do
genótipo FC sobre a expressão clínica da doença. As mutações Classe I são
caracterizadas por um defeito da síntese protéica, enquanto que as mutações das
Classes II e III estão relacionadas com defeitos no tráfego e no processamento
da proteína, respectivamente. As mutações Classe IV resultam em condutância
anormal e as mutações Classe V estão associadas com uma divisão anormal do
mRNA, e consequentemente acarretando uma capacidade menor de funcionamento
normal do CFTR na superfície apical. Mutações Classe VI produzem uma proteína
funcional que é instável na superfície da membrana apical. Enfermidade mais
grave pode ser antecipada quando ocorrem as mutações Classes I, II, III e VI,
as quais provocam pouco ou nenhum funcionamento da CFTR na membrana apical. Enfermidade
de moderada intensidade pode estar associada com as mutações Classes IV e V
posto que alguma função da CFTR permanece em atividade (Figura 1).
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As manifestações clínicas
da FC surgem em virtude da disfunção dos sistemas de órgãos que expressam a
CFTR, posto que o transporte iônico defeituoso acarreta um entupimento dos
ductos e outras estruturas, usualmente devido à presença de secreções muito
espessas e muco pegajoso (Figura 2).
A doença pulmonar permanece como a primeira causa de
morbidade e mortalidade nos pacientes com FC e está caracterizada por ciclos
progressivos de infecção e inflamação com evolução para falência respiratória (Figura 3).
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A ausência do funcionamento normal da CFTR (a qual é abundantemente expressa no epitélio intestinal), pode acarretar o desenvolvimento de obstrução intestinal, insuficiência pancreática e doença hepática. Cerca de até 20% dos recém-nascidos com FC apresentam íleo meconial e aproximadamente 85% deles sofrem de insuficiência pancreática. A maioria dos pacientes desenvolve sinais e sintomas de insuficiência pancreática durante o período de lactente, enquanto que alguns outros ainda permanecem com função pancreática inicialmente adequada, antes de desenvolver a perda progressiva desta função durante o período pré-escolar. A perda da atividade enzimática do pâncreas e a redução das concentrações de sais biliares no lumem intestinal acarretam má absorção dos nutrientes da dieta (particularmente as gorduras), cuja manifestação ocorre por diarreia, esteatorréia e failure to thrive. Além do envolvimento respiratório e da doença pancreática, outros sinais e sintomas da FC incluem desequilíbrio eletrolítico, pólipos nasais e dos seios da face, prolapso retal e complicações reprodutoras.
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A ausência do funcionamento normal da CFTR (a qual é abundantemente expressa no epitélio intestinal), pode acarretar o desenvolvimento de obstrução intestinal, insuficiência pancreática e doença hepática. Cerca de até 20% dos recém-nascidos com FC apresentam íleo meconial e aproximadamente 85% deles sofrem de insuficiência pancreática. A maioria dos pacientes desenvolve sinais e sintomas de insuficiência pancreática durante o período de lactente, enquanto que alguns outros ainda permanecem com função pancreática inicialmente adequada, antes de desenvolver a perda progressiva desta função durante o período pré-escolar. A perda da atividade enzimática do pâncreas e a redução das concentrações de sais biliares no lumem intestinal acarretam má absorção dos nutrientes da dieta (particularmente as gorduras), cuja manifestação ocorre por diarreia, esteatorréia e failure to thrive. Além do envolvimento respiratório e da doença pancreática, outros sinais e sintomas da FC incluem desequilíbrio eletrolítico, pólipos nasais e dos seios da face, prolapso retal e complicações reprodutoras.
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