OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MANEJO
DA COLITE ULCERATIVA
Manifestações extra-intestinais (MEI)
com especial interesse na artrite e na colangite primária esclerosante (CPE)
1- O diagnóstico de artrite
pauciarticular (tipo 1: quando afeta menos de 5 grandes articulações) é
estabelecido em base clínica, e o tratamento deve ser primariamente dirigido
para induzir a remissão da enfermidade intestinal.
2- Quando a artrite está presente, a
sulfasalasina é a droga 5-ASA apropriada para o tratamento de manutenção da
Colite Ulcerativa.
PONTOS PRÁTICOS
1- A MEI ocorre
em cerca de até 30% dos paciente pediátricos com Colite Ulcerativa envolvendo
potencialmente a pele, articulações, sistema hepatobiliar e os olhos. Algumas
dessas manifestações estão claramente relacionadas com a atividade da doença
intestinal (por exemplo: eritema nodoso, artrite periférica) enquanto que
outras ocorrem de forma independente (por exemplo: pioderma grangrenoso,
uveíte, espondilite anquilosante e CPE.
2- A colangiografia
por ressonância magnética deve ser a primeira linha de investigação para o
diagnóstico da colangite nas crianças, mas sua interpretação pode ser difícil
em lactentes.
Crescimento, osso e nutrição
1- O estado nutricional e o crescimento
das crianças com Colite Ulcerativa deve ser continuamente monitorado; suporte nutricional
deve ser oferecido quando requisitado.
2- Nutrição enteral ou parenteral é
inapropriada para o tratamento da doença primária na Colite Ulcerativa.
3- Dietas especiais ou suplementações
dietéticas não são eficazes para induzir ou manter a remissão na Colite
Ulcerativa e em algumas circunstâncias pode acarretar o risco de deficiências nutricionais.
4- O estado mineral ósseo deve ser
avaliado usando a densitometria óssea, particularmente nas crianças com Colite
Ulcerativa intensamente ativa e que estejam recebendo tratamento com
corticoesteróides de forma prolongada ou repetidas vezes.
PONTOS
PRÁTICOS
1- As crianças com Colite Ulcerativa que não estejam recebendo uso excessivo de corticoesteróides
usualmente apresentam velocidade de crescimento normal.
2– A continuidade de uma dieta regular é recomendada durante a doença com
atividade leve ou moderada.
3- Caso
a ingestão oral seja deficiente, em decorrência da anorexia devido a atividade
da doença, pode estar indicado o uso de nutrição enteral ou mesmo suplementos
com alta densidade energética.
4- Pacientes
com Colite Ulcerativa apresentam uma menor tendência para diminuição da
densidade mineral óssea em comparação com pacientes com doença de Crohn.
5- Nutrição
adequada, controle do peso por meio de exercícios, controle adequado da
enfermidade, restrição ao fumo e estratégia de utilizar corticoesteróides de
forma fracionada, devem ser sempre utilizadas para promoção da saúde óssea.
Suporte
psicossocial e adesão ao tratamento
1- A
intervenção psicológica deve ser oferecida aos pacientes que venham a necessitá-la,
porque este é um fator de melhora na qualidade de vida.
2- A
falta de adesão ao tratamento medicamentoso deve também ser suspeitado naqueles
pacientes que particularmente apresentam um curso instável da enfermidade.
PONTOS PRÁTICOS
1- Todas
as visitas clínicas ambulatoriais devem incluir atenção aos problemas
psicológicos como parte da consulta.
2- Programas
de assistência médica pediátricos de doença inflamatória intestinal devem estar
preparados para oferecer intervenções psicológicas de acordo com as necessidades
individuais e recursos locais, envolvendo especialistas qualificados.
3- A
adesão ao tratamento deve ser avaliada nas entrevistas de, ambos, adolescentes
e pais.
4- A
adesão ao tratamento deve ser estimulada por meio do fornecimento de informação
detalhada a respeito da medicação prescrita, mantendo-se o ônus mais baixo possível
da utilização de múltiplos comprimidos orais, dando-se preferencia a utilização
de doses diárias únicas, sempre que possível.
Cuidados
na transição
1- Todo
adolescente deve ser incluído em um programa de transição para que possa ser
adaptado na organização local para a transferência do atendimento da unidade pediátrica
para a unidade de adultos.
2- O
adolescente de ser estimulado a assumir um aumento da sua responsabilidade do
seu tratamento e visitar o ambulatório pelo menos uma vez sem estar na companhia
dos seus pais.
PONTOS PRÁTICOS
1-
Sempre
que possível o adolescente deve ser consultado em um atendimento clínico
conjunto entre o Gastroenterologista Pediátrico e o de adulto.
2-
O
tempo da transição deve ser individualmente adaptado de acordo com a condição
psicossocial do adolescente. A maioria dos adolescentes irão se beneficiar
deste programa de transição após os 18 anos de idade.
SÍNTESE
E SUMÁRIO
O objetivo do tratamento da doença
ativa deve ser a completa remissão da mesma e, usualmente, este objetivo pode
ser avaliado clinicamente sem que haja necessidade da realização de nova
colonoscopia para sua certificação. Aminosalicilatos são consideradas as drogas
de primeira linha de tratamento para a indução e manutenção da remissão na
Colite Ulcerativa leve a moderada. Corticoesteróides devem ser somente
utilizados como agentes de indução. Caso o paciente, dentro de 1 a 2 semanas,
não responda de forma objetiva ao uso de corticoesteróides orais, então, a
administração por via intravenosa dos corticoesteróides deve ser considerada. Nos
casos refratários não graves, a administração alternativa, em pacientes
ambulatoriais, deve incluir Infliximab no seu tratamento; em um grupo
selecionado de pacientes, o uso de Tacrolimus por via oral deve ser
considerado. A maioria dos pacientes que receberam corticoesteróides por via
intravenosa devem ser “desmamadas” pelas tiopurinas, e caso sejam virgens de
tratamento com 5-ASA, devem subsequentemente receber este tratamento após um
longo período de completa remissão. Todas as crianças com Colite Ulcerativa
devem ser tratadas com uma terapia de manutenção indefinidamente. Finalmente, a
colectomia na Colite Ulcerativa é sempre uma opção viável que deve ser
discutida quando os tratamentos clínicos escalonados tenham fracassado.
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